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A cidade de Maputo acolheu, recentemente, nas instalações do Museu do Mar, a Conferência sobre Economia Circular e Inovação para a Protecção dos Oceanos, sob o lema “Transformar o Índico em oportunidades sustentáveis”. O evento reuniu investigadores, jovens empreendedores, representantes institucionais e parceiros internacionais, num esforço conjunto para debater soluções inovadoras que respondam aos desafios ambientais e sociais que afectam o Oceano Índico.
Organizada pela Comunidade Alumni França-Moçambique, com o apoio da Embaixada de França em Moçambique e Essuatíni e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a conferência teve como objectivo promover o diálogo científico e a partilha de experiências sobre economia circular e inovação ambiental, destacando a importância destas abordagens na mitigação dos efeitos das alterações climáticas e da poluição marinha.
A sessão de abertura contou com intervenções que contextualizaram o papel de Moçambique na protecção do Índico, sublinhando a sua extensa linha costeira e a vulnerabilidade crescente face à subida da temperatura da superfície oceânica, à acidificação e à poluição por microplásticos. Foram também relembradas as conclusões da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, realizada em Nice, França, que reforçou a necessidade de articular políticas globais e locais em prol de uma economia mais circular e sustentável.
Ao longo do dia, vários painéis abordaram temas centrais como a redução de resíduos sólidos, a reciclagem criativa e o papel das comunidades costeiras na defesa dos ecossistemas marinhos. Jovens moçambicanos partilharam experiências inspiradoras de transformação de resíduos em produtos úteis, como o caso de iniciativas que recolhem plásticos nas praias e os convertem em próteses ortopédicas e componentes de cadeiras de rodas, combinando impacto ambiental e inclusão social.
A conferência incluiu ainda uma competição de ideias verdes, que premiou projectos inovadores voltados para a valorização dos recursos marinhos e a promoção da economia circular. As propostas vencedoras irão beneficiar de programas de mentoria e apoio financeiro, garantindo a sua implementação em comunidades costeiras ao longo do próximo ano.
Os debates e apresentações evidenciaram o papel decisivo da juventude moçambicana na construção de soluções sustentáveis e na consolidação de uma cultura de responsabilidade ambiental. As discussões sublinharam também a importância de alinhar a Política Nacional do Ambiente (1995) e a Lei do Ambiente (1997) com as novas dinâmicas empreendedoras, de modo a fortalecer o enquadramento legal e incentivar práticas inovadoras que contribuam para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável 13 e 14, referentes à acção climática e à protecção da vida marinha.
No encerramento, os participantes destacaram a relevância do encontro como plataforma de diálogo e cooperação entre sectores públicos, privados e académicos. Ficou o compromisso de criar uma rede de jovens “embaixadores do oceano” e de promover, nos próximos meses, projectos-piloto que demonstrem o potencial económico e social de uma gestão circular dos resíduos costeiros.
A Conferência sobre Economia Circular e Inovação para a Protecção dos Oceanos representou, assim, um marco significativo no esforço de Moçambique e da região do Oceano Índico para transformar os desafios ambientais em oportunidades sustentáveis. Mais do que um espaço de reflexão, o encontro deixou um plano de acção concreto e uma mensagem clara: proteger o oceano é investir no futuro económico, social e ambiental das próximas gerações.



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