Share this
O antigo estadista moçambicano, Filipe Nyusi, que foi chefe da Missão de Observação da União Africana nas eleições presidenciais de Guiné-Bissau, diz que a sua missão enquanto líder foi bem conduzida e todo processo foi pacífico apesar dos “incidentes”.
“Chefiei a Missão de Observação da União Africana às eleições na Guiné-Bissau, tudo estava claro antes da suspensão do processo eleitoral, pois a votação foi pacífica e transparente mas, inesperadamente o clima político alterou-se culminando com a intervenção militar e o encerramento das fronteiras”, disse através das suas redes sociais.
A União Africana chegou à Guiné-Bissau, a 19 de Novembro e trabalhou com a Comissão Nacional de Eleições, o Presidente Sissoco Embaló, membros do Governo e representantes diplomáticos. A orientação inicial foi promover calma e segurança para proteger os votantes.
“Os observadores estiveram presentes em todas as sete regiões e em Bissau. Todas as missões internacionais, incluindo CEDEAO, CPLP e G7+, chegaram à mesma conclusão: o dia da votação decorreu de forma pacífica, livre e ordeira. Na mesma senda a segurança manteve-se discreta e nenhum eleitor foi impedido de exercer o seu direito”, explicou Nyusi.
Segundo o antigo Presidente “Tudo corria de normalmente, as mesas funcionavam no exterior dos edifícios, o que permitiu total visibilidade do processo. A contagem dos votos foi pública e acompanhada localmente, com a equipa da UA a visitar mais de vinte assembleias demostrando a maturidade democrática pelo eleitorado guineense”, acrescentou.
Na sua explicação sobre o incidente, tudo começou após a divulgação dos resultados preliminares.
“Abruptamente o ambiente começou a deteriorar-se depois da divulgação preliminar dos resultados. Enquanto a missão se reunia com um dos candidatos, surgiram informações de tiroteios na capital. Os disparos ocorreram perto da sede da CNE e da zona presidencial.
A missão tentou deslocar-se ao local, mas foi travada por forças de segurança que já tinham assumido o controlo da área. Pouco depois, o processo eleitoral foi suspenso sem explicação clara, apesar de estar na fase final. Seguiu-se um clima de incerteza, marcado pela presença militar, recolher obrigatório e fecho das fronteiras”, disse.
Face a esta situação, Filipe Nyusi, sugeriu uma mesa de diálogo e sublinhou que a missão da era clara que pura e simplesmente limitava-se a “observar”.
“Contudo, existe espaço para diálogo e que a solução caberá aos guineenses. Esclarecer que o papel da missão é apenas observar, não mediar nem proclamar resultados. O relatório final já foi remetido à União Africana, que avaliará os próximos passos”, destacou.



Facebook Comments