Acordar e ficar em casa pode pressionar as contas do governo

ECONOMIA SOCIEDADE
  • Maputo e Matola inauguram nova forma de se manifestar
  •  Economista estima em mais de 3 a 4 mil milhões de meticais por um dia de paralisação
  • Houve alguns focos de escaramuças nas cidades de Maputo e Matola
  • Escolas só voltaram a abrir esta segunda-feira por medo de manifestações

Na passada quinta-feira, a habitual azáfama da movimentação de pessoas e veículos na cidade de Maputo, que de dia chega a acolher mais de dois milhões e quinhentas pessoas, deu lugar a uma incomum calma, que só é vista aos domingos e feriados. Era o prenúncio de um dia incaracterístico devido a manifestação convocada pelas redes sociais, que fez com que trabalhadores, comerciantes e estudantes tivessem o receio de sair às ruas, enquanto que algumas empresas e o comércio preferiram encerrar as portas com medo de vandalização, como já aconteceu nas manifestações anteriores, o que paralisou praticamente o tecido económico e social, não só na cidade de Maputo, como também na Matola e nalguns distritos da província de Maputo. Em entrevista exclusiva ao Jornal Evidências, o economista Egas Daniel, ao seu estilo didáctico, alerta que os impactos económicos da paralisação das actividades podem ser devastadores para o país.

Reginaldo Tchambule

Contrariamente às outras ocasiões em que, quando é convocada alguma manifestação, os moçambicanos saiam à rua para mostrar o seu descontentamento, desta vez os munícipes das cidades de Maputo e Matola acordaram e ficaram em casa, paralisando as actividades por completo e nas ruas, onde a polícia armada até aos dentes aguardava pelos manifestantes para mostrar sua musculatura, houve apenas alguns focos de escaramuças em vários pontos das cidades de Maputo e Matola, chegando a paralisar momentaneamente o trânsito.

Por medo, muitas empresas não abriram portas, o comércio esteve encerrado, os mercados estavam às moscas e escolas estiveram encerradas, algumas das quais só voltaram a abrir as portas esta segunda-feira, o que gerou prejuízos, até aqui não contabilizados.

No entanto, tendo como base de cálculo o PIB anual dividido pelos dias totais de labuta em um ano, o economista revela que por cada dia de paralisação de atividade o Estado, Sector Privado e as famílias moçambicanas deixam de produzir o equivalente a 3 a 4 mil milhões, correspondente pouco mais de 60 milhões de dólares.

“Em termos gerais, a greve e as manifestações têm o risco de gerar custos, pelo menos em termos de diminuição ou paralisação da actividade económica. Eu fiz um cálculo rápido, na verdade é um cálculo muito simples, só para estimar. O nosso PIB agora é estimado em cerca de um bilião de meticais, se nós dividirmos este PIB pelo números de dias úteis do ano, sucede que por dia, em média, deixamos de produzir cerca de três a quatro mil milhões de meticais, que correspondem a mais ou menos 60 a 65 milhões de dólares. Quer dizer que quanto mais dias estivermos parados, se forem dois ou três, significa que este valor vai ascendendo a níveis maiores”, disse, estimando com base numa situação de paralisação geral de trabalho a escala nacional.

Tendo em conta esses impactos negativos numa economia já frágil, Daniel defende soluções pacíficas e conciliadoras.

“Talvez uma das formas de tornar todas as partes prejudicadas neste processo de crise, os trabalhadores, as empresas, as famílias, é uma maior comunicação e transparência sobre os esforços que as diferentes partes, principalmente por parte do Estado, estão a envidar para poder lidar com os efeitos negativos da crise e esta comunicação resultar num entendimento de que as instituições do Estado estão a busca, de facto, de contornar e minimizar os efeitos da crise”, sublinhou.

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