Mohamed Valá: “Temos de ser mais arrojados no pensamento sobre a nossa soberania financeira”

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O Governo, através do Instituto de Cereais de Moçambique (ICM), gasta por ano entre 260 e 280 milhões de dólares para importar cereais. Para acabar com a dependência do exterior, Mohamed Valá, director-geral do ICM) defende que Moçambique deve ser mais arrojados no pensamento sobre a soberania financeira, uma vez que, apesar de possuir um grande potencial na agricultura, tem sido muito dispendioso.

O milho e o arroz são as culturas mais importadas no país.  Antes do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, Moçambique importava 460 mil toneladas de trigo e 500 mil toneladas de arroz, despendendo 160 e 130 milhões de dólares, respectivamente.

Para acabar com dependência das importações, director-geral do Instituto de Cereais de Moçambique (ICM) defende que o país precisa de ser mais arrojado no pensamento sobre a soberania financeira.

“As duas culturas juntas devem despender entre 260 milhões a 280 milhões de dólares por ano na importação e isso pesa muito. Temos de ser mais arrojados no pensamento sobre a nossa soberania financeira. Temos um grande potencial, mas despendemos muito. Por isso, precisamos de um pensamento fortemente estratégico, não só do ponto de vista de produção e produtividade, mas a abranger também o ambiente fiscal”, referiu Valá numa entrevista ao Diário Econômico.

A produção do trigo ainda não consegue responder as necessidades do mercado nacional.  Olhando para o panorama nacional de cereais, Mohamed Valá defende uma reflexão sobre quais são as potencialidades do país, oportunidades e tipos de investimento.

“A outra cultura sobre a qual é, inequivocamente, importante falar, é a do trigo, uma vez que a expressão da nossa produção/balança comercial é um desafio para Moçambique. A sua produção não é mais de 20 mil toneladas, 13 mil ou 14 mil, dependendo do ano. E o seu consumo é acima de 460 mil a 480 mil toneladas daquilo que é importado pela Silos e Terminal Graneleiro da Matola (STEMA), pelas companhias como a MEREC, a Bakhresa Grain Milling, etc. Este é, pois, o panorama geral dos cereais, que nos obriga a uma reflexão sobre quais são as nossas potencialidades, oportunidades e tipos de investimento”.

Nas entrelinhas, Valá aponta apontou para descentralização e centralização de algumas culturas para tornar Moçambique tornar auto-suficiente na produção de cereais.

“Já assumimos um movimento geopolítico importante que outros países também assumiram, que são os pressupostos da descentralização da cultura do arroz e começar a ver os rácios do investimento. Estes obrigam-nos a pensar num aspecto extremamente importante, que é apostar em seis culturas específicas e aí concentrar os investimentos. A centralização das culturas também é importante, porque cada província tem as suas próprias condições e valências de produção. Temos de continuar a conquistar investimentos muito mais responsáveis para o efeito, não só através de ambientes creditícios de bancos comerciais, mas também de investidores com apetência para trabalhar em Moçambique. Temos de investir em água para não escasseie, sobretudo, nas épocas mais secas”.

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