Banco Mundial coloca Moçambique no top 6 dos países com mais desigualdades sociais

SOCIEDADE
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  • Donos do dinheiro avaliam desempenho do País das três refeições por dia
  • Há fraca produtividade agrícola e o nível de inclusão é muito baixo

Duas semanas depois do ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, ter dito fora do País que Moçambique está em vias de ultrapassar a insegurança alimentar e que mais de 90% dos moçambicanos conseguem ter, pelo menos, três refeições por dia, com cinco alimentos diferentes em cada uma delas, não param de surgir novos dados que desmontam a tese do ministro da pasta que gere o “milagroso” Sustenta. Desta vez, é o Banco Mundial que através de um que coloca Moçambique como um dos seis dos 55 Estados moçambicanos com mais desigualdades sociais e arrasa por completo o desempenho do sector da agricultura, destacando que, afinal, longe das campanhas de propaganda, o nível de produtividade é fraco.

Evidências

Parece mentira, mas Moçambique, País em que mais de 90% dos cidadãos tem pelo menos três refeições por dia, segundo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, consta do topo 10 dos países do continente Africano com maior índice de desigualdades.

Quem assim o diz é o Banco Mundial, que coloca Moçambique como sexto país com mais desigualdades no continente africano, sugerindo assim que o País mude o seu modelo de crescimento e aposte mais nos serviços.

Fazendo uma radiografia da pobreza no País, o Banco Mundial demarca-se do populismo do Governo e destaca que os níveis de pobreza em Moçambique continuam altos, tendo saído de cerca de 96% em 1996 para 65% em 2015.

Por essa razão, entende o Banco Mundial, Moçambique deve forjar um novo paradigma de desenvolvimento baseado em fontes diversificadas de crescimento, produtividade e emprego, com a previsão de mais de meio milhão de pessoas a entrar na força de trabalho todos os anos.

“O forte desempenho do crescimento nas últimas décadas ajudou a reduzir a pobreza, ainda que a um ritmo desigual e em paralelo com um aumento da desigualdade. O crescimento beneficiou principalmente quem se encontrava no topo da distribuição de rendimentos, com o coeficiente de Gini a subir de 47% para 56% entre 2002 e 2015”, lê-se no relatório intitulado Actualidade Económica De Moçambique.

Segundo o BM, este padrão deve-se em parte à forte dependência da indústria extractiva, com fracas ligações à economia em geral, e à baixa produtividade no sector agrícola – o principal meio de subsistência dos pobres.

“A actual estratégia de crescimento de Moçambique tem sido particularmente limitada na sua capacidade de gerar empregos produtivos. A percentagem de emprego na agricultura caiu de 83% em 1997 para 70% em 2020, tendo a maior parte da mão-de-obra passado para o sector de serviços. No entanto, embora os serviços tenham oferecido uma via mais ampla para o emprego não-agrícola, o sector é dominado por actividades informais. Numa perspectiva de futuro, o crescimento sustentado, de base ampla e inclusiva não ocorrerá com uma concentração apenas nas extractivas e na agricultura de baixa produtividade. Será necessário aumentar a produtividade nos serviços e estimular a formalização de empresas informais, reforçando ao mesmo tempo as ligações entre sectores”, defende o Banco Mundial.

“É difícil, se não impossível, promover o desenvolvimento inclusivo sem aumentar ou melhorar a produtividade no sector agrícola. Actualmente, a economia moçambicana cria quase 25 mil empregos no sector formal, mas a demanda de emprego é muito alta. O número de pessoas que entram no mercado laboral em Moçambique, a cada ano, é de 500 mil. Então, a diferença entre a oferta de emprego e a procura é muito grande”, referiu Fiseha Haile, economista do Banco Mundial.

Criação de emprego muito longe de satisfazer a procura

O Executivo de Filipe Nyusi colocou como meta de quinquénio, a criação de pouco mais de três milhões de empregos, contudo, a oferta de emprego está muito aquém do desejável, com fraca contribuição do sector formal e das grandes industrias, fazendo com que a indústria de carvão e alumínio, que dão 70% de receitas ao Estado de exportações, contribuam com apenas 0,3% na criação de empregos..

“O crescimento forte naquelas décadas não ajudou muito em termos de redução das desigualdades de rendimentos. Moçambique é um dos seis países com mais desigualdade em África, daí a necessidade em promover o desenvolvimento em sectores não extractivos e acelerar o processo de transformação económica e de criação de emprego. Um dos desafios que Moçambique enfrenta é a dualidade. A estrutura económica mostra que a agricultura emprega quase 70% da população, mas o nível de produtividade é muito baixo em comparação com o potencial que o país tem, mas também em comparação com outros países da região”, revela o estudo.

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