A conceituada escritora moçambicana Paulina Chiziane foi, recentemente, distinguida pela Forbes com o Prémio de Liderança e Responsabilidade Social 2024. Chiziane mereceu a distinção graças a sua luta incessante pelo lugar da mulher nos direitos humanos. O anúncio foi feito pela directora editorial da Forbes África Lusófona, Nilza Rodrigues, num evento realizado em Angola, Luanda.
Elísio Nuvunga
Paulina Chiziane dispensa qualquer tipo de apresentação nos meandros culturais nacionais e internacionais. Para além das suas obras, a autora de Baladas do ao vento, Sétimo Juramento e Niketche tem se destacado pela sua luta incessante pelos direitos humanos das mulheres.
Em Moçambique, Chiziane, por sinal a primeira mulher moçambicana a vencer o prémio Camões, foi outorgada Doctora honoris causa pela Universidade Pedagógica de Maputo, sendo que, recentemente, foi distinguida pela Forbes com o prémio de liderança e responsabilidade social.
No dia em que recebeu o galardão, Paulina Chiziane destacou a força da mulher e o papel da mulher africana tanto dos homens durante longos anos.
“Viemos de longe e conquistamos o mundo com os pés descalços. Há muitos anos, África era livre, foi invadida, os nossos homens foram levados para deportação. Ficamos nós mulheres, sozinhas com alguns dos nossos filhos pequenos e, porque estávamos sós, nós tínhamos de lutar. Lutamos e construímos a África de hoje. África é feminina”, declarou.
Na mesma ocasião, a primeira mulher moçambicana a receber o maior prémio literário mais importante da língua portuguesa, Prémio Camões (2021), manifestou suas críticas sobre a actuação da polícia moçambicana e dos bancos.
Chiziane observa que as autoridades da lei e ordem parecem estar contra as mulheres nas suas actividades, tendo ainda apontado o dedo aos bancos que dão oportunidades de empréstimos e outros serviços às mulheres de pele clareada, com cabelos artificiais, sobretudo escolarizadas.
A escritora entende que está na hora de mudar-se os paradigmas e olharmos os países com “olhos da liberdade”.
Refira-se que Paulina Chiziane é homenageada em 2024 não apenas por sua impressionante trajetória de vida, mas também por continuar a batalha contra estereótipos de género, onde as mulheres ocupam um lugar especial.
Nas suas intervenções, sempre colocou e destacou o papel dos povos africanos na história do mundo. Suas obras como “Niketche, Sétimo Juramento” e diversas contribuíram significativamente para torná-la uma figura célebre.
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