Artistas e figuras públicas lamentaram e partilharam solidariedade para com a família do renomado cantor e compositor moçambicano Salimo Muhamad, que perdeu a vida, na última semana, aos 75 anos idade, no Hospital Central de Maputo (HCM), vencido por cancro de pulmão. De acordo com o Chefe de Estado, Muhamad “contribuiu para uma construção de uma referência sobre as artes moçambicanas depois da independência”.
Elísio Nuvunga
O antigo Presidente da República, Armando Guebuza, foi das primeiras personalidades a reagir à morte de Salimo Muhamed. Parco em palavras, Guebuza chamou-o pelo nome de nascimento e destacou o seu legado.
“Descansa em paz, Simeão. O povo saberá valorizar o teu legado”, disse numa curta publicada na sua página de facebook, demostrando que a obra de Salimo Muhamed, que chegou a estar na oposição, transcende os muros da política.
Horas depois, o Presidente da República, Filipe Nyusi, lamentou a perda que colocou a música moçambicana de luto e reconheceu o seu legado marcante na música nacional com uma carreira que encantou gerações, fazendo ressoar a riqueza cultural, por isso considera que o saudoso artista versátil deixa um “enorme vazio” para os moçambicanos.
“Nós estamos convictos de que o trabalho por ele feito inspirou milhões de moçambicanos, portanto continuará presente entre nós. Deixou enorme vazio nas artes moçambicanas”, disse inconformado.
Para Edelvina Materula, ministra da Cultura e Turismo, a partida de Salimo Muhamad constitui uma perda irreparável, pois o artista deu de tudo pela cultura e turismo. Por via disso, Materula reitera que o seu talento e legado devem ser celebrados como forma de eternizar e preservar suas obras.
Enquanto isso, o presidente do Município de Maputo, Rasaque Manhique, disse que “perdemos muito. A nossa cultura parou porque o homem desta grande dimensão é uma dor, sabemos da contribuição que ele deu para o nosso país, para o mundo através da música através da mensagem que nos foi transmitindo. Era um homem extrovertido, que através da música foi juntando pessoas e alegrando nossos corações”, referiu.
Por sua vez, o homólogo de Salimo Muhamad, Morreira Chonguiça, revelou o quão aprendeu com o músico e, defende que os moçambicanos não perderam, porque suas obras vão ecoar nas memórias de velhas e novas gerações.
Salimo Muhamed, para além de seu notável talento e impacto na música moçambicana e além-fronteiras, era formado em Pintura Decorativa pela Escola Mouzinho de Albuquerque, hoje conhecida como Escola Industrial de Maputo, o que evidencia sua versatilidade e talento artístico, deixando assim um legado duradouro na cultura moçambicana.
Salimo Muhamad era também conhecido por Domingos Simeão Mazuze Júnior (nome de registo), mas por questões religiosas ficou célebre este nome islão (Muhamad). Nasceu na zona sul do país, a 13 de Agosto de 1948, na cidade de Xai- Xai, província Gaza.
Dentre vários êxitos musicais destacam-se “Mamana Maria” e “Sambrowera fandango”, “Bilibiza”, “Xantima ibodlela”, “Marhumekane”, “Davula Mananga”. Em 2022, Salimo Muhamad lançou a sua última obra discográfica intitulada “Wayitiva” e, apresentado ao público no Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), em Maputo.
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