A força militar do Ruanda construiu uma escola, na comunidade de Namalala, em Mocimboa da Praia. No entender de alguns analistas, esta acção dos ruandeses pode colocar em causa a soberania nacional. No entanto, o Chefe de Estado, Filipe Nyusi, criticou os que questionaram o apoio do Ruanda na construção da escola, tendo para efeito dado exemplo de infraestruturas que foram construídas pela China e União Europeia.
Volvido um mês após a inauguração da escola, na comunidade de Namalala, em Mocimboa da Praia, o Presidente da República aproveitou a saudação dos professores por ocasião do dia 12 de Outubro para responder aos que ligaram o investimento ruandês na província de Cabo Delgado à soberania nacional.
“No outro dia, vi um paradoxo. Os nossos irmãos do Ruanda, na sua actividade social, construíram e reabilitaram uma escola. Todos questionaram. Porque é que não questionaram à União Europeia quando construiu uma escola? Porque é que não questionaram à China quando construiu um instituto? Qual é o problema? Este problema não existe. Porque não perguntam ao Serviço Cívico de Moçambique que reabilitou as infra-estruturas em Palma?”, questionou Filipe Nyusi.
Os professores representados pelo secretário-geral da Organização Nacional dos Professores, Teodoro Muidumbe, pediram ao Presidente da República melhores condições de trabalho e, sobretudo, a produção de livros intramuros. Na resposta, Filipe Nyusi referiu que o Governo por vezes é chamado a escolher outras prioridades enquanto as crianças continuam sem livros.
“Isso não é nenhuma novidade, nós sabemos. Quando se diz que o país tem muita madeira, o que é que quer dizer? Não é uma descoberta, não descobriram nada. Fomos à procura de madeira e fizemos portefólios. O processo foi, no nosso projecto de tirar as crianças do chão, percorremos o país inteiro para fazer uma distribuição que resolveu de uma forma significativa. Mas é uma operação que não terminou, devido a muitas adversidades, mas lançámo-la com sucesso. Sabe muito bem as dificuldades que o país está a atravessar. Por vezes, temos de escolher. Se tivermos apenas 100 milhões, temos de dar primeiro um salário aos professores. É preciso construir uma sala, pôr carteiras, comprar cadernos. Não se pode fazer tudo com essa quantia de dinheiro. Por isso, há que dar prioridade ao que se faz”, disse Filipe Nyusi.
Nas entrelinhas, o Chefe de Estado reconheceu o rácio entre aluno e professor no Sistema Nacional de Ensino. No entanto, referiu que é um problema global e que Moçambique não é uma ilha.
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