Programa de Incubação Artística da XHUB (Incubadora de Negócios Culturais e Criativos) arrancou esta semana, reunindo cinco bandas moçambicanas em uma experiência formativa de 30 dias. A iniciativa, que tem como objectivo profissionalizar artistas e fortalecer a economia criativa, conta com a participação de grupos das províncias de Nampula, Niassa e Inhambane.
As bandas seleccionadas, Marove, Groove Land, Marimbe, Os Kassimbos e Timbila Groove, foram escolhidas através de um processo rigoroso conduzido por um júri de especialistas. Durante o programa, os artistas participarão de formações em produção musical, gestão de carreira, marketing e direitos autorais, além de sessões práticas de criação e visitas a espaços culturais de Maputo.
Durante a apresentação do programa, a directora executiva da Kuzula Investments, Júlia Novela, destacou a importância de preparar os artistas para o mercado internacional.
“Ao longo dos anos, percebemos que muitos artistas nacionais tinham dificuldades para apresentar portfólios, inscrever-se em festivais internacionais ou buscar financiamento. Este programa veio para preencher essas lacunas e capacitar os participantes para que, ao voltarem para as suas províncias, possam multiplicar o conhecimento adquirido.”
Para Clémence Bessières, Conselheira de Cooperação e Acção Cultural da Embaixada de França, o programa é um passo estratégico na descentralização da oferta cultural em Moçambique.
“O nosso objectivo é criar oportunidades reais para os talentos das províncias, que muitas vezes enfrentam dificuldades de acesso à formação e aos meios de difusão cultural concentrados na capital.”
Os artistas participantes demonstraram grande entusiasmo com o programa. Jonas Eusébio, da banda Groove Land, de Nampula, destacou a importância de iniciativas como esta:
“Na zona norte, são raras as vezes que temos oportunidades assim. Muitas vezes, sentimo-nos esquecidos, mas este projecto traz esperança. Vamos absorver todo o conhecimento possível e levar isso de volta para a nossa região.”
Cristina Daniel Soane, da banda Marimbas, vê no programa a chance de elevar o trabalho da banda a um novo nível.
“Nós já compomos e tocamos as nossas músicas, mas precisávamos aprender a fazer isso de forma mais profissional. Com as técnicas que estamos a aprender, acredito que podemos alcançar novos palcos, tanto nacionais quanto internacionais.”
O mentor e produtor musical Ell-Puto, que tem já alguns anos de experiência no mercado, reforçou o potencial transformador do programa.
“Eu não tive essa oportunidade quando comecei. Foi tudo na base da tentativa e erro. Agora, estes artistas têm acesso a uma formação bem organizada, que pode abrir muitas portas e oferecer bases sólidas para as suas carreiras.”
Além das formações teóricas, os artistas terão a oportunidade de produzir novos temas musicais, que serão apresentados ao público no final do programa. As sessões práticas e visitas guiadas a espaços culturais, ajudarão a conectar os participantes ao circuito cultural do país.
O Programa de Incubação Artística é uma iniciativa da Khuzula Investments, financiado pelo fundo Création Africa – Moçambique, da Embaixada de França, e implementado em colaboração com o Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM). O director do CCFM, José Maria Queirós, destacou a importância de levar a formação para além da capital.
“Moçambique tem uma geografia peculiar, e muitos artistas das províncias não têm acesso a capacitações. O programa é uma forma de democratizar esse acesso e integrá-los ao circuito profissional da cultura.”
A expectativa é que, ao final do programa, os artistas estejam mais preparados para enfrentar os desafios do mercado musical e consolidar suas carreiras, contribuindo para o fortalecimento das indústrias culturais e criativas em Moçambique, de salientar que o financiamento para este programa está orçado em 700 mil euros.

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