Líder da Renamo sofre de tensão arterial que lhe causa problemas cardiovasculares e está em tratamento fora do país

DESTAQUE POLÍTICA
  • Pressão e traições levam Ossufo Momade ao leito hospitalar

Na semana finda, o partido Renamo chamou a imprensa para anunciar o adiamento do seu Conselho Nacional que estava agendado para esta semana. Na altura não foram avançadas as razões, contudo Evidências sabe que se deve à doença do presidente do actual terceiro maior partido do país, Ossufo Momade que vem lutando contra um problema de saúde, que, há cerca de duas semanas, voltou a levá-lo ao leito hospitalar. Trata-se uma tensão arterial, que quando se agrava provoca-lhe problemas cardiovasculares, estando, por isso, neste momento em tratamento fora de Moçambique. A degradação do seu estado de saúde, com internamentos regulares e recomendação de repouso, começou em 2023, logo depois das eleições autárquicas, muito por conta da pressão do trabalho e traições que vem sofrendo por parte de membros do seu partido, incluindo alguns que já desertaram

Evidências

Não há por enquanto datas para a realização do tão aguardado Conselho Nacional da Renamo. Tudo está dependente da recuperação do presidente daquele partido, Ossufo Momade, que se encontra em tratamento no estrangeiro.

Momade sofre de uma tensão arterial crónica que, nos últimos anos, tem-lhe causado frequentes problemas de coração, fazendo com que muitas vezes fique com os pés inchados, um quadro descrito na terminologia médica como sendo o agravamento da insuficiência cardíaca.

Esta tem sido a principal razão dos seus cíclicos sumiços da esfera política de quando em vez, desde 2023, facto que levou ao aumento do descontentamento dos seus membros e a degradação de sua imagem, sendo muitas vezes associado à cobardia por não aparecer em momentos considerados cruciais.

Em 2023, no auge das manifestações de contestação contra os resultados eleitorais na cidade de Maputo e noutras cidades e vilas onde a Renamo diz ter sido roubado votos e reclamava governar, Ossufo Momade só foi visto duas ou três vezes, ainda na fase inicial. Depois disso desapareceu e a grande maioria não teve nenhuma explicação.

No entanto, na altura o Evidências apurou e tornou público que o líder da perdiz, afinal, estava doente e acamado, com orientações de repouso absoluto. O seu desaparecimento, no entanto, acabou sendo aproveitado por seus adversários internos e externos que, na ocasião, venderam a narrativa de que desaparecera porque tinha sido comprado pela Frelimo.

O tempo passou e reapareceu, mas não esclareceu as razões do seu sumiço, limitando-se a justificar que não foi comprado, uma omissão que lhe viria a custar a sua reputação, uma vez que na opinião pública consolidou-se a narrativa de que o líder tinha abandonado os candidatos a edis à sua sorte, enquanto trocava afectos com a Frelimo.

Venâncio Mondlane, na altura seu assessor político e mandatário nacional, viria mais tarde a usar a sua ausência prolongada para obter ganhos políticos pessoais, insinuando que o seu “chefe” havia sido comprado pela Frelimo para desistir das marchas. Aliás, foi esse o mote que levou Mondlane a lançar a sua candidatura para a liderança da Renamo.

A constante contestação de que é alvo desde 2019, a pressão do cargo e do trabalho, bem como as traições promovidas por pessoas próximas a si e a quem confiou piamente, sobretudo Venâncio Mondlane, Manuel de Araújo e Raúl Novinte, têm sido apontados como sendo as causas do seu constante estado de stress que acabou degradando a sua saúde.

Pintado na praça pública como líder fraco, desde que foi indicado como presidente da Renamo, Ossufo Momade trava internamente uma série de conspirações internas, misturadas a questões tribais, atribuídas ao eixo Centro e Sul do País, que visa arrancar-lhe o poder.

Neste Conselho Nacional, ora adiado, Ossufo Momade deveria, em princípio renunciar  ao poder, segundo deu a entender numa primeira impressão, contudo nas suas últimas entrevistas deu a entender que não está disposto a sair do poder.

“Só para o vosso conhecimento, realizámos o Congresso no ano passado e não temos cinco anos. Depois do Congresso tenho o direito de governar o partido por cinco anos. Agora, um grupinho de pessoas vir à sede nacional e exigir alguma coisa é normal porque temos abertura para que cada um diga aquilo que vem no coração, mas isso não pode contrariar aquilo que é o pensamento dos nossos órgãos e eles é que decidem o futuro do partido”, disse Ossufo Momade numa entrevista concedida ao DW, em resposta a um grupo de desmobilizados.

Humilhante derrota contribuiu para agravamento de seu estado de saúde

Os humilhantes resultados eleitorais do pleito eleitoral, realizado em Outubro de 2024, que atiraram a Renamo da segunda para a terceira posição, uma derrota sem precedentes para quele tradicional partido, são tidos como sendo outro factor que degradou a saúde de Ossufo Momade.

Em consequência da doença que o acomete, Ossufo Momade faz tratamento regular dentro e fora do país, intercalando entre um período de estabilização da doença e recaídas que o tiram muitas vezes dos holofotes.

O inchaço nos pés e outras partes do corpo, causado pela insuficiência cardíaca, derivada da tensão arterial tem sido a principal razão que faz com que faça poucas aparições públicas nos últimos tempos.

A última vez que foi visto num acto público foi quando se fez presente no diálogo interpartidário no passado dia 19 de Fevereiro, em que se aprovou a inclusão de mais partidos. No último encontro, Momade esteve representado por Ivone Soares e Simon Macuiane.

Recorde-se que Ossufo Momade foi o último candidato a entrar na corrida de caça ao voto na campanha eleitoral das eleições gerais de Outubro passado. Esteve desaparecido durante mais de 12 dias. A sua equipa de comunicação alegou que estava a fazer contactos diplomáticos no estrangeiro. No estrangeiro até que estava, contudo, não em missões diplomáticas, mas, sim, para cuidar da sua saúde.

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