Acordo de compromisso dos TDRs: Como interpretar a ausência do pioneiro (Nyusi) do diálogo sem VM7

EDITORIAL

A semana que finda foi marcada pela assinatura do “compromisso político sobre o diálogo nacional inclusivo”, um documento que, afinal, delineia os pontos que irão caracterizar o diálogo inclusivo. Além da ausência, claro, de Venâncio Mondlane, o segundo candidato presidencial mais votado nas eleições gerais de outubro último, que tem mobilizado manifestações marcadas por violência e destruição de infraestruturas públicas e privadas, é preciso notar que dos antigos presidentes só esteve presente Joaquim Chissano, tendo ficado notória a ausência de Filipe Nyusi, que foi o pioneiro do diálogo sem a presença do VM7, depois que este se escusou de participar no primeiro round alegando questões de segurança.

Nyusi conduziu os primeiros dois rounds do diálogo dos seis até aqui realizados. E foi a par destes debates que de forma expressa dava garantias de que deixaria o país estável, porém foi debalde. Fora da presidência, o antigo Presidente da República vem demostrando um notório desinteresse em temas relacionados com a saúde do Estado, agora nas mãos do seu sucessor, embora nunca tenha parado de jogar nos bastidores, principalmente no partido.

De forma rigorosa, a instabilidade social que caracteriza o país é produto da sua governação, visto que enquanto Presidente da República não imprimiu credibilidades às instituições do Estado, o que concorreu para sua vulgarização e consequente descrédito. Ademais, a fraude eleitoral que macula a legitimidade do Executivo em curso ocorreu num contexto em que era Presidente do Partido.

Não restam dúvidas de que o presidente Nyusi esteve comprometido em deixar o país estável e mesmo que tenha falhado nesse desiderato, apesar das garantias dadas, a sua ausência nessas temáticas iniciados por si abrem espaço para várias interpretações, sendo uma a de que deixou o terreno minado para o seu sucessor. É possível que seja verdade, mas a sua ausência nos eventos públicos relacionados com temáticas por si iniciadas, como se verificou na cerimónia da semana passada, que decorreu no Centro de Conferencias Joaquim Chissao, cria uma ideia de que deixar o país ingovernável foi um acto deliberado, o que não constitui verdade. Não há nenhum presidente que se sinta honrado em sair sem deixar legado.

Ademais, apesar do fracasso palpável demonstrado na Administração Pública, onde não deixa saudades, na temática referente à estabilidade do país, a nível político, Nyusi ansiava deixar legado. Foi o primeiro a descer às matas de Gorongosa, foi até capaz de resolver problemas internos da Renamo ao eliminar a Junta Militar e deixou o país sem uma Renamo armada, pelo menos na narrativa oficial. Sobre a cooptação de Ossufo Momade, é um outro assunto que volta a dar mérito a Filipe Nyusi, já nas hostes partidárias.

No entanto, apesar dessa clareza toda, nos esforços que demonstram o seu compromisso com a estabilidade do país, a sua ausência em assuntos determinantes e de interesse nacional, principalmente quando foram por si iniciados ou são produtos da sua administração, levanta outras questões. O seu patriotismo não deve se limitar ao presidente Nyusi, deve ser visto também no cidadão Nyusi. E não deve demonstrar qualquer cansaço sob o risco de abrir espaço para especulações não abonatórias. É esta assistência que nos propomos aqui a dar, enquanto Chapo vai dando sinais de alinhamento com o seu antecessor, tanto no diálogo que exclui o VM7, como no Executivo, apesar de inovação de que o dialogo vai envolver a todos, mas é ainda uma promessa.

Promo������o

Facebook Comments