Agora são elas…

OPINIÃO

Hedson Massingue

As ruas de Moçambique, outrora vibrantes e cheias de vida, agora ecoam com os resquícios de um passado recente marcado por batalhas e descontentamento. As manifestações que se seguiram às eleições de 9 de outubro de 2024 deixaram uma marca indelével na sociedade moçambicana, um país que se viu, mais uma vez, à mercê da turbulência política. O caos que se instalou foi um reflexo não apenas das aspirações frustradas de um povo, mas também da fragilidade das instituições que deveriam garantir a justiça e a ordem.

Venâncio António Bila Mondlane, o candidato independente que prometeu uma nova era, tornou-se o símbolo de uma esperança desfeita. As suas promessas de mudança foram rapidamente ofuscadas pela realidade devastadora: uma economia em ruínas, infraestruturas destruídas e famílias mergulhadas na miséria. O desemprego disparou, e a pergunta que permeia as conversas nas esquinas e nas redes sociais é clara: quem é o responsável por esta calamidade?

Agora, enquanto o povo se debate entre a indignação e a resignação, surge um novo protagonista neste drama: as instituições de justiça. A Procuradoria e o Tribunal são elas as entidades que agora detêm o poder de julgar e condenar. O peso das decisões que tomarão não recai apenas sobre os ombros de Venâncio Mondlane; elas têm a responsabilidade de restaurar a confiança do povo nas instituições, de devolver a esperança a um país que se sente traído.

Mas o que está em jogo vai além da figura de um homem. Estamos diante de um momento crucial na história de Moçambique, onde a justiça pode ser a chave para a reconstrução social. A pergunta que paira no ar é: até onde estão dispostas a ir essas instituições para garantir que a verdade prevaleça? Vão elas ter coragem suficiente para condenar aqueles que abusaram do poder, ou optarão pela absolvição em nome da estabilidade?

A resposta a essa pergunta determinará não apenas o futuro de Mondlane, mas também o futuro de Moçambique. O povo observa atentamente, ciente de que cada decisão tomada por essas instituições será um reflexo do seu compromisso com a justiça e a transparência. O medo do passado ainda assombra muitos, mas a esperança de um futuro melhor é uma chama que se recusa a apagar.

Neste novo capítulo das manifestações pós-eleitorais, as instituições têm a faca e o queijo na mão. Elas podem escolher entre perpetuar o ciclo de impunidade ou romper com ele, oferecendo ao povo moçambicano algo que há muito tempo lhe foi negado: justiça verdadeira.

Agora são elas. Agora é hora de agir. Que as decisões tomadas sejam guiadas pelo desejo de um Moçambique mais justo, onde cada voz conta e cada vida importa. O futuro do país depende disso, e a história não será gentil com aqueles que falharem em cumprir o seu dever. Que este momento seja lembrado não como mais um capítulo sombrio, mas como o início de uma nova era, onde a justiça prevalece e a esperança renasce.

Promo������o

Facebook Comments