O ex-candidato presidencial, Venâncio Mondlane teve uma semana para esquecer. Depois de um longo interrogatório na Procuradoria-Geral da República onde prestou esclarecimentos no processo em que é acusado de incitação à desobediência colectiva, Mondlane partiu para Angola com o objectivo de fazer parte do Encontro pela Democracia, um evento organizado pelos partidos da oposição ao nível da região Austral. No entanto, foi retido no Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro porque lhe foi recusada a entrada naquele país, tendo, por isso, no mesmo dia regressado à África do Sul. Na mesma semana, VM viu o juiz de Instrução Criminal decretar a prisão preventiva da sua mandatária financeira, Gloria Nobre acusada de crimes financeiros. Observadores acreditam que a PGR pode ter identificado uma fragilidade em relação aos valores arrecadados, aventando-se, inclusive, que as contas tenham sido usadas para receber valores ilícitos que podem ser associados ao branqueamento de capitais
Duarte Sitoe
Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial, que para a Comissão Nacional de Eleições e Conselho Constitucional foi o segundo candidato mais votado nas Eleições Presidenciais, realizadas em Outubro do ano passado, foi intimado a comparecer, na última semana, na Procuradoria-Geral da República, para prestar esclarecimentos no âmbito do processo 773/11/P/2024 no qual é acusado de incitamento à desobediência pública.
Volvido um dia após ser ouvido na PGR, Mondlane voltou a ter um revés, ou seja, viu a sua mandatária financeira, Glória Nobre, a ser recolhida pelas autoridades da lei e ordem, sendo que até aqui são desconhecidos os crimes pelos quais é acusada, mas aventa-se que sejam meramente financeiros, com conexão a branqueamento de capitais.
Acredita-se que a sua detenção esteja associada ao recebimento de algum dinheiro de proveniência duvidosa, o qual possa ter sido usado nas operações dos manifestantes no terreno.
Na quinta-feira, 13 de Março, Venâncio Mondlane saiu de Moçambique para Angola com o objectivo de fazer parte do Encontro da Democracia, um evento organizado pelos partidos da oposição, com a UNITA ao leme.
No entanto, na sua chegada ao Aeroporto 04 de Fevereiro em Luanda foi informado de que não tinha autorização para entrar no país presidido por João Lourenço, tendo, por isso, ficado longas horas naquela infraestrutura aeroportuária na expectativa de receber o “ok” das autoridades migratórias, mas tal não viria acontecer, tendo, por isso, no mesmo dia sido deportado para a África do Sul na mesma companhia aérea em que seguiu.
Um “NÃO” que fez muita tinta rolar
Na sua versão dos factos, Venâncio Mondlane reconheceu que a recusa de entrada consta na legislação angolana. Contudo, observou que as autoridades daquele país lusófono violaram a sua própria constituição, uma vez que não comunicaram a razão da recusa e muito menos comunicaram a companhia aérea que o levou de Joanesburgo para Luanda para esta o devolver à zona de partida ou origem.
Baseando-se no que passou na companhia de outras figuras que lhes foi vetada a entrada em Angola, o ex-candidato presidencial não tem dúvidas de que o executivo angolano pontapeou os acordos migratórios vigentes na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), daí que defende que os angolanos devem decretar o dia 13 de Março como o dia da Vergonha Nacional.
Mondlane referiu, ainda, que a presidência da República de Angola, após confirmar que ele já tinha sido obrigado o solo angolano e já estava no voo em direcção à África do Sul, disponibilizou um avião presidencial para levar as outras figuras ora retidas no Aeroporto 04 de Fevereiro para Benguela, mas depois recuou quando o ex-estadista do Botswana, Ian Khama, decidiu que não ia fazer parte da conferência-diálogo.
Na próxima quarta-feira, 19 de Marco, Dinis Tivane, outra figura ligada a Venâncio Mondlane, vai comparecer na Procuradoria-Geral da República para prestar alguns esclarecimentos. O seu assessor foi notificado, também naquela que foi a semana mais negra de Mondlane, logo que colocou os pés na procuradoria onde ia acompanhar o seu “chefe” para audição.

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