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Em resposta às recentes declarações do Ministro da Saúde que classificou as greves no pelouro por si dirigido como uma desastre, referindo que “isso não é concebível, não é permissível que alguém tenha um coração tão mau e diz estar na saúde”, a Associação dos Profissionais Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) anunciou, na segunda – feira, 28 de Abril, o encerramento de todas as unidades sanitárias a partir do dia 30 do mês em curso até o dia 05 de Maio próximo, tendo apelidado a próxima fase da greve de “Sais de Reidratação Oral” (SRO).
Em reivindicação das horas extras em atraso, melhores condições de trabalho e, sobretudo, para os pacientes, Associação dos Profissionais Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) decidiu entrar em greve com o claro objectivo de pressionar o Executivo liderado por Daniel Chapo, uma vez que as promessas feitas no reinado de Filipe Nyusi não passaram da teoria para a pratica.
Reagindo ao fenômeno que tem impactado negativamente o sector da saúde, O ministro do Pelouro, Ussene Isse, criticou os profissionais da saúde, referindo que é inconcebível que alguém com mau coração dizer que está no sector da saúde.
“A gente não pode fazer greve morrendo pessoas. Isso não é concebível, não é permissível que alguém tenha um coração tão mau e diz estar na saúde. Você ter um coração que não quer cuidar do outro. A nossa profissão, infelizmente, é uma profissão em que a greve não é permissível. Porque nós lidamos com uma das maiores dádivas de Deus no ser humano, que é a vida” declarou Isse para depois pedir paciência aos funcionários, referindo que governo está aberto encontrar soluções conjuntas para resolução o problema.
“Uma greve na saúde é um desastre. Há assuntos que nos dividem, é lógico, é óbvio. Mas nós estamos a trazer os colegas todos para ficarmos unidos sobre aquilo que nos divide. Mas a minha recomendação é o meu pedido aos meus colegas é que vamos discutir o assunto, por um lado, mas não podemos deixar de atender os nossos pacientes. Nós fizemos um juramento. O compromisso é garantir saúde. Então, este é o meu apelo aos colegas: Vamos trabalhar juntos, de forma organizada, de forma estruturada, porque temos que salvar vidas”.
Parece que o ministro da Saúde tentou apagar o fogo com gasolina, uma vez que as suas declarações não foram bem recebidas no seio da Associação dos Profissionais Unidos e Solidários de Moçambique que, na voz do seu presidente, Anselmo Machave, referiram que o Governo tem vindo a propagar falsos argumentos.
“Quando anunciámos a primeira greve em 2023, o Governo veio a público afirmar que éramos ilegais e chegou a duvidar se, de facto, éramos profissionais de saúde. Agora, em 2025, o Governo nega o incumprimento dos pagamentos aos profissionais, quando diariamente surgem nos meios de comunicação social provas inequívocas da falta desses pagamentos e da difícil situação de prestação de cuidados nos hospitais públicos de Moçambique (…) O MISAU insiste na narrativa de que apenas queremos fazer barulho, como se falássemos de problemas inexistentes nas unidades sanitárias”, declarou Anselmo Machave.
“O ministro precisa de definir quem tem bom e mau coração”
Para Machave, o ministro da Saúde não sabe definir quem tem bom coração, uma vez que os profissionais de saúde trabalham sem material e sem medicamentos para os doentes no grosso das unidades sanitárias.
“O ministro não devia ter dito o que disse. Fala de coração, mas foi o primeiro a internar pacientes sem alimentação no novo Governo. Quem, afinal, tem coração: quem trabalha sem material e sem medicamentos para cuidar dos doentes, ou quem permite tal situação? O ministro precisa de definir quem tem bom e mau coração”, afirmou.
Por entender que o Executivo liderado por Daniel Chapo está a ser arrogante e, por outro lado, tem estado a manipular a opinião pública, o presidente da APSUM anunciou uma nova fase da greve denominada “Sais de Reidratação Oral” (SRO) cujo arranque está agendado para 30 de Abril para terminar no dia 05 de Maio.
“As unidades sanitárias estarão totalmente encerradas. Não iremos parar a nossa luta até que o Governo compreenda a necessidade urgente de criar melhores condições de trabalho (…) A greve não é uma festa. No início, não fizemos uma greve total para demonstrar que o nosso interesse era o cumprimento dos acordos. Como o Governo minimiza o impacto da greve, agora fechamos todas as unidades sanitárias. Depois, anunciaremos uma nova fase”, concluiu.

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