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Moçambique deu um passo histórico na industrialização do seu sector energético com a inauguração, esta quarta-feira, da primeira Fábrica Integrada de Processamento de Hidrocarbonetos (IPF), em Temane, província de Inhambane. A unidade, aberta pelos Presidentes Daniel Chapo, de Moçambique, e Cyril Ramaphosa, da África do Sul, vai produzir gás de cozinha (GLP) e petróleo leve a partir do gás natural explorado naquele ponto do País, no âmbito do Acordo de Partilha de Produção assinado em 2000. A infraestrutura representa um marco na estratégia do País para agregar valor aos recursos naturais e reduzir a dependência de importações de combustíveis.
A infraestrutura, que resulta de um investimento de mais de 600 milhões de dólares, vai reduzir a dependência de importação de gás de cozinha e futuramente de derivados de petróleo leve como gasolina, gasóleo e náftas.
A fábrica é a materialização do Contrato de Partilha de Produção (PSA), assinado entre a petroquímica sul-africana, Sasol e os governos de Moçambique e África do Sul no ano 2000, uma segunda concessão que tem por objectivo o processamento de parte do gás natural produzido em Pande, Temane e Inhassorro, na província de Inhambane, para suprir as necessidades da industria nacional e consumo das famílias moçambicanas.
Actualmente, o País gasta entre 45 a 50 milhões de dólares anualmente com a importação de gás de cozinha.Com a entrada em funcionamento da nova unidade, a primeira do género no país, que tem uma capacidade de produção de cerca de 30 milhões de toneladas de gás de cozinha por ano, estima-se que a necessidade de importação seja reduzida para metade, representando uma significativa poupança de divisas e um fortalecimento da segurança energética nacional.
Construída pela Sasol Petroleum Temane, a infraestrutura já registou um marco simbólico: o primeiro carregamento de GLP 100% moçambicano foi realizado a 4 de Outubro deste ano. A unidade, de capital intensivo, teve a sua construção iniciada em 2021, foi comissionada em Novembro de 2022 e encontra-se agora totalmente operacional. Espera-se que a sua actividade se intensifique progressivamente, integrando-se de forma plena na matriz energética nacional até 2027.
A infraestrutura integrada de processamento foi construída pela Sasol Petroleum Temane e o primeiro carregamento de gás de cozinha 100% nacional teve lugar no dia 07 de Outubro do ano em curso, enquanto que o primeiro c arregamento de petróleo leve teve lugar 04 de Novembro, após um período longo de comissionamento liderado por uma equipa de engenheiros moçambicanos, incluindo jovens oriundos de Inhassoro e outros distritos da província de Inhambane.
A unidade, que representa um investimento de capital intensivo encontra-se pronta para operar plenamente e no seu primeiro mês atingiu uma cifra de 137 carregamentos de camiões com capacidade de 40 mil toneladas cada.
Na fase de pico da construção, o projeto empregou mais de 3.000 trabalhadores. Contudo, durante a fase operacional, o complexo contará com 120 postos diretos permanentes e cerca de 450 indiretos, um contraste significativo em relação às expectativas públicas iniciais.
Para a sua viabilização, houve necessidade de reassentamento de 44 famílias, abrangendo a construção de 45 casas com energia solar, cozinhas internas e externas e instalações sanitárias adequadas, um processo considerado modelo no País.
Em relação ao petróleo leve, actualmente, existe uma pequena unidade de processamento na Matola, onde unidades de fracionamento e uma pequena refinaria auxiliar permitem a transformação para diesel e naftas usadas para equipamentos industriais.



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