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O antigo presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, defendeu esta terça-feira a necessidade urgente de Moçambique produzir os seus próprios indicadores económicos e empresariais, baseados em dados fiáveis e comparáveis, como forma de melhorar a previsibilidade das políticas públicas e reforçar a confiança dos investidores.
Vuma falava durante a cerimónia de inauguração da FUNDEC (Fundação para a Competitividade Empresarial), instituição que nasce, segundo explicou, “como resposta estratégica à escassez de métricas de desempenho sectorial, à falta de indicadores de competitividade e ao défice de análises estruturadas sobre a economia nacional”.
No seu discurso, o presidente da FUNDEC afirmou que a fundação resulta da consolidação de mais de 20 anos de experiência no associativismo empresarial e na vida política, passando por organizações como a Associação dos Empreiteiros da Cidade de Maputo, a Federação Moçambicana de Empreiteiros, a Confederação Imobiliária da CPLP, a Câmara Agrícola Lusófona e, mais recentemente, a CTA, além de duas décadas como deputado da Assembleia da República.
“A nossa economia tem sido avaliada, em grande medida, com base em percepções externas. A FUNDEC surge para mudar este paradigma, colocando dados nacionais, rigorosos e comparáveis, no centro da tomada de decisão”, sublinhou Vuma.
Segundo o dirigente, a fundação não tem um carácter individual, apesar de a ideia ter tido origem na sua trajectória pessoal, contando com um Conselho de Fundadores composto por figuras de relevo do sector empresarial e associativo, que abraçaram o desafio de criar uma instituição com impacto estrutural no panorama económico do país.
Parcerias estratégicas
Para garantir a eficácia da sua missão, a FUNDEC já lançou bases para parcerias estratégicas com várias instituições nacionais, incluindo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a Bolsa de Valores de Moçambique, o Banco de Moçambique, o INSS e diversos ministérios, entre os quais os da Economia, Planificação e Desenvolvimento, Trabalho, Género e Acção Social.
A nível internacional, Vuma revelou contactos avançados com entidades de referência como a Bloomberg e a Standard & Poor’s, visando o acesso a metodologias de ponta e plataformas globais de monitorização económica. “Pretendemos que Moçambique passe a analisar-se à luz dos padrões que regem as grandes economias e os grandes mercados do mundo”, afirmou.
Responder ao fim do Doing Business
No seu pronunciamento, Agostinho Vuma recordou uma reflexão feita no passado pela então primeira-ministra Luísa Diogo, que questionava a dependência de indicadores externos, como o Doing Business do Banco Mundial, para avaliar a economia moçambicana. Para Vuma, a descontinuidade desses relatórios representa hoje uma oportunidade para o país se auto-avaliar com base em instrumentos próprios.
É neste contexto que a FUNDEC assume o compromisso de produzir, de forma regular e independente, um conjunto de índices e métricas, entre os quais o Índice de Competitividade Empresarial de Moçambique, um Rating Empresarial e Financeiro, o Índice de Emprego e Produtividade e o Índice de Melhoria do Ambiente de Negócios.
“Estes instrumentos permitirão orientar políticas públicas, reduzir prémios de risco, fomentar a transparência e, sobretudo, devolver confiança ao mercado”, destacou.
Vuma concluiu afirmando que a FUNDEC pretende afirmar-se como uma ponte institucional entre o sector privado e o Estado, entre Moçambique e os mercados globais, ligando dados a políticas e conhecimento à acção concreta: “Este é o nosso mandato. Este é o nosso compromisso”, rematou.



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