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Nilza Dacal
O 25 de Setembro não é apenas uma data. É o pulsar da história, o eco das vozes daqueles que, há 61 anos, levantaram-se contra a opressão com braços nus, mas corações cheios de coragem. O legado dos nossos antepassados, que com suor, coragem e sangue conquistaram a independência de Moçambique, não pode ser reduzido a cerimónias ou discursos. Ele é uma bússola que nos orienta, uma chama que nos incendeia e um desafio político que exige de todos nós, quer o governo, cidadãos e instituições, um compromisso inabalável com a Pátria. Num momento em que Moçambique enfrenta ameaças como o terrorismo em Cabo Delgado, honrar este legado significa transformar memória em acção concreta: apoiar as Forças de Defesa e Segurança, fortalecer a unidade nacional e construir um país mais justo, mais resiliente e mais digno.
Os nossos pais fundadores e os combatentes anónimos de 1964 enfrentaram o impossível. Partiram de Chai, de aldeias e cidades distantes, com armas rudimentares, mas com uma fé inabalável na dignidade de um povo. Lutaram não apenas contra um inimigo visível, mas contra o medo, contra a dúvida, contra a ideia de que a liberdade pudesse ser inalcançável. Cada passo que deram ecoa até nós e é uma bússola que aponta para a justiça, para a soberania, para a coragem de nunca recuar.
Hoje, o mesmo espírito corre nas veias das Forças de Defesa e Segurança que defendem Cabo Delgado, enfrentando o terror com disciplina e amor à Pátria. São homens e mulheres que, muitas vezes invisíveis aos olhos da nação, mantêm acesa a chama da esperança, protegendo vidas, territórios e sonhos. Desde 2017, grupos extremistas têm semeado medo, deslocando milhares de pessoas e agravando a crise humanitária. As FDS, com apoio de parceiros regionais, reconquistaram territórios estratégicos e protegeram o potencial económico da província, mas a vitória militar não basta. O terrorismo explora vulnerabilidades políticas e sociais como a pobreza, o desemprego e as desigualdades regionais. Como nação, precisamos de estratégias que vão para além das armas, que transformem o desenvolvimento, a justiça e a inclusão em ferramentas de paz e estabilidade.
Honrar este legado exige mais do que palavras, mas acções concretas e conscientes. É transformar memória em acção, compromisso e paixão, garantindo a dignidade e recursos, para fortalecer a moral de quem protege vidas e defende a soberania. Também significa investir na educação patriótica, formar jovens que conheçam a história da luta de libertação não como um conto distante, mas como um chamado à responsabilidade cívica e à unidade nacional, combater desigualdades, promover justiça social e construir oportunidades para todos, sem discriminação, nem exclusão. E significa, acima de tudo, colocar a Pátria acima de interesses pessoais, lembrando que Moçambique é maior do que qualquer ambição pessoal.
Mas honrar a Pátria é dever de todas as forças vivas da sociedade, das instituições públicas às organizações privadas, das comunidades tradicionais à sociedade civil, das igrejas e associações culturais aos cidadãos comuns, todos têm a responsabilidade de contribuir para a unidade, a coesão e o desenvolvimento nacional. Cada acção ética, iniciativa construtiva, gesto de solidariedade fortalece a Pátria e transforma o legado dos nossos antecessores numa força viva que guia o presente e molda o futuro. Nenhum moçambicano pode permanecer indiferente, a liberdade conquistada exige participação, compromisso e coragem de todos.
Neste 25 de Setembro, celebramos a coragem daqueles que lutaram pela independência e a bravura das Forças de Defesa e Segurança que hoje defendem a Pátria. Mas celebramos também os milhares de anónimos, homens e mulheres que, no silêncio do dever, escrevem com suor, coragem e sacrifício a história viva de Moçambique. Que a memória dos nossos heróis seja mais do que lembrança, mas uma inspiração, um chamado e compromisso. Que a maior homenagem à sua coragem seja um país mais forte, mais justo e unido, onde a liberdade, a paz e a dignidade não sejam apenas conquistas do passado, mas vitórias permanentes do presente e do futuro.
Que o 25 de Setembro de 2025 nos inspire a transformar este legado numa força viva, que nos mova, nos una e nos faça, todos os dias, dignos da coragem de quem nos legou a liberdade.

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