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- Em jeito de retaliação, Ossufo Momade suspende “João Machava”
Após se reunirem por dois dias em Chimoio, os antigos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) anunciaram, este Domingo, a criação de uma Comissão de Gestão para liderar internamente o partido enquanto aguardam pela realização do Conselho Nacional. Os desmobilizados, para além de uma gestão danosa, acusam Ossufo Momade de nepotismo, uma vez que, segundo eles, o actual líder da perdiz nomeou o seu filho para representar a RENAMO no Diálogo Nacional Inclusivo.
Evidencias
A contestação em torno da liderança de Ossufo Momade na RENAMO subiu de tom. Os antigos guerrilheiros daquele que, num passado recente, foi o maior partido da oposição em Moçambique estiveram reunidos na Cidade de Chimoio, província de Manica, para discutir o futuro do partido, num evento contestado pela liderança.
Os desmobilizados da perdiz acusam o actual líder do partido de nepotismo, má-gestão e inoperância. Nos seus argumentos, os queixosos alegam que Momade nomeou o filho para representar a RENAMO no diálogo Nacional Inclusivo.
“O partido exclui a maior parte dos membros. Então, há alguns, escolhidos a dedo, que devem representar o partido. Também há casos de muito compadrismo, muito nepotismo, muita arrogância nas atitudes do presidente da Renamo. Muito recentemente, em vez de nomear pessoas que representam a Renamo, nomeou um dos seus filhos para nos representar no diálogo nacional inclusivo, quando deviam ser pessoas que não são da sua família. Outrora, vimos, no Congresso da Renamo, realizado em Alto Molócue, o presidente Ossufo indicou pessoas da sua família e amigos, com as suas respectivas esposas; para ocuparem a comissão nacional e para ocuparem a comissão política. Portanto, este é um acto de mero nepotismo”, declarou Edgar de Jesus Silva, porta-voz dos desmobilizados.
A Comissão de Gestão, segundo os desmobilizados, será composta por três elementos e vai liderar o partido até à realização do Conselho Nacional.
“Criámos uma comissão de gestão do partido, composta por três elementos: um em representação do norte, as quatro províncias que representam o centro e o terceiro que representa as três províncias que compõem o sul. A comissão vai durar o tempo que durar, não tem fim, tem apenas o princípio que é este (…) Vamos criar condições para que um conselho nacional seja realizado e indique uma data para um congresso extraordinário, onde pretendemos legitimar um presidente, por meio de votação”, disse Silva.
“João Machava”: Uma suspensão com sabor à retaliação
Num acto que está a ser interpretado como retaliação por parte de Ossufo Momade, o Conselho Jurisdicional Nacional da RENAMO suspendeu, por tempo indeterminado, Leonardo Munguambe, conhecido como João Machava, das actividades e funções no partido, numa decisão que reflecte a crescente tensão interna na principal formação da oposição moçambicana.
Segundo o comunicado oficial, a suspensão deve-se a “graves violações ao Estatuto do Partido” e “incumprimento reiterado das obrigações partidárias”, conforme previsto no artigo 14, alíneas d), e) e h) dos Estatutos da RENAMO. Entre as condutas apontadas, destaca-se a emissão de ofícios em nome do partido, mesmo sem sem legitimidade, prática considerada lesiva à imagem e ao funcionamento da organização.
Durante o período de suspensão, Machava perde todos os direitos partidários, incluindo a participação em reuniões, processos de tomada de decisão e representação da RENAMO, com a advertência de que qualquer tentativa de violar estas restrições poderá agravar a sua situação disciplinar.
O episódio também levanta questões sobre a capacidade do partido de manter unidade e credibilidade diante do eleitorado. Para muitos observadores, a forma como a liderança gere estas tensões internas poderá impactar directamente na imagem da RENAMO como alternativa política no país.
A suspensão entra em vigor a partir da data de assinatura e recepção do ofício, marcando mais um capítulo na história conturbada de disputas internas da RENAMO.

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