Share this
- Alegada falsificação de documentos no processo contra Adriano Nuvunga
- Terá prometido dinheiro à suposta senhoria e já vão oito meses sem pagar qualquer tostão
Albino Forquilha, presidente do partido PODEMOS e figura central em várias controvérsias políticas, está no epicentro de um novo escândalo. Desta vez, a acusação é de falsificação de documentos para sustentar a exigência de uma acção de indemnização milionária no processo que move contra o activista social Adriano Nuvunga, cujo julgamento encontra-se suspenso. No caso, trata-se de um dos contratos de arrendamento apresentados por Forquilha no tribunal como prova de prejuízos financeiros que terá sido intencionalmente forjado.
Reginaldo Tchambule
O caso remonta a acusações públicas em que Nuvunga apontou o dedo a Forquilha, alegando que este recebeu cerca de 219 milhões de meticais para “vender a verdade eleitoral”. Na sequência destas alegações, Forquilha moveu um processo contra Nuvunga, argumentando que foi forçado a abandonar a sua residência no bairro da Maxaquene, em Maputo, devido a ameaças de manifestantes, incorrendo em significativas despesas para garantir a sua segurança e a da sua família.
Segundo fontes ligadas ao processo que corre termos no Tribunal Judicial do Distrito Municipal KaMpfumo, em Maputo, Forquilha reclama ter sofrido prejuízos financeiros avultados por ter-se visto obrigado a procurar novos locais de abrigo para si e para a família, gastos que agora exige que Nuvunga compense, numa indemnização global de oito milhões de meticais, sendo cinco por danos patrimoniais e três por danos morais.
No âmbito deste processo, Forquilha anexou um contrato de arrendamento, supostamente celebrado com uma senhora, onde se comprometia a pagar 40 mil meticais mensais por uma nova habitação por um período de um ano. Este documento é uma das peças fundamentais para comprovar os danos patrimoniais que alega.
No entanto, ao que tudo indica, esse contrato é forjado. A casa descrita no documento simplesmente não existe no endereço indicado. A suposta senhoria, membro do PODEMOS e que preferimos não identificar, foi contactada pessoalmente por Albino Forquilha em Março, tendo lhe apresentado o documento já redigido, pedindo-lhe que o assinasse.
Para a convencer, Forquilha terá usado como incentivo promessa de pagar-lhe posteriormente pela sua colaboração para aquilo que, na altura, chamou de “enterrar Adriano Nuvunga”. A promessa, contudo, revelou-se vazia. Já se passaram oito meses e a mulher, que confiou no líder do seu partido, ainda não recebeu “a cor de qualquer centavo”, o que terá feito o assunto deixar de ser um segredo.
Com base nesses documentos, Albino Forquilha está a exigir uma indemnização total de oito milhões de meticais a Adriano Nuvunga. O valor é dividido em três milhões por “danos morais” e cinco milhões por “danos patrimoniais”. Para além do contrato de 40 mil mensais, Forquilha alega ainda ter arrendado uma segunda casa para os seus filhos por 50 mil meticais
Se confirmada a falsificação dos documentos, o caso pode deixar de ser apenas um litígio pessoal e transformar-se num processo criminal por falsificação, uso de documento falso e tentativa de indução do tribunal em erro.
A polémica surge num momento em que o PODEMOS enfrenta outras crises internas, incluindo queixas sobre quebra de acordos de coligação e uma crescente contestação à liderança de Forquilha.



Facebook Comments