Oxford Economics prevê desvalorização do metical e subida da inflação em 2026

DESTAQUE ECONOMIA
Share this

A consultora britânica Oxford Economics prevê uma fase de desvalorização gradual do metical em 2026, com o objectivo de enfrentar a severa escassez de reservas em moeda estrangeira de Moçambique. Esta medida deverá coincidir com a implementação do novo programa de ajustamento financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os analistas da consultora britânica antecipam que a desvalorização cambial será uma das condições impostas pelo FMI para o novo acordo, cujas negociações deverão ser concluídas no primeiro trimestre do próximo ano.

“Na nossa opinião, o Governo vai gradualmente desvalorizar o metical em 2026 para lidar com a severa falta de reservas em moeda estrangeira,” escreveram os analistas da Oxford Economics.

A desvalorização do metical deverá, por sua vez, pressionar os preços internos. O efeito de contágio da taxa de câmbio, onde o aumento do custo dos bens importados se reflecte no consumidor, levará a uma subida da inflação. Em resposta, o Banco de Moçambique (BdM) deverá apertar a sua política monetária.

“Esta desvalorização vai colocar uma pressão ascendente nos preços devido aos efeitos de contágio da taxa de câmbio, por isso prevemos que o banco central vá colocar a taxa de juro de referência nos 10% até final de 2026 para tentar controlar a instabilidade nos preços,” esclareceram.

Apesar desta projecção de subida da taxa de juro, a Oxford Economics observa que as previsões actuais do governo moçambicano apontam para que a inflação se mantenha em redor da meta implícita das autoridades, nos 5%, em 2025 e 2026.

“A situação vai mudar consideravelmente a partir do último trimestre do próximo ano, apesar das projeções atuais de que a inflação se mantenha neste e no próximo ano em redor da meta implícita das autoridades, ou seja, nos 5%,” concluíram.

A previsão da Oxford Economics surge pouco depois de o Banco de Moçambique (BdM) ter efectuado o 11.º corte consecutivo na taxa de juro de política monetária (MIMO), fixando-a em 9,5%. Esta decisão foi tomada apesar do agravamento dos riscos e incertezas decorrentes do atraso no pagamento da dívida pública interna.

Em conferência após a reunião do Comité de Política Monetária (CPMO), o governador do BdM, Rogério Zandamela, justificou a redução, mas não deixou de alertar para os desafios fiscais do Estado.

“Esta modesta redução reflecte o agravamento dos riscos e incertezas associados às perspectivas da inflação, com destaque para o atraso no pagamento dos instrumentos da dívida pública interna pelo Estado,” declarou o governador Rogério Zandamela.

Apesar da redução da MIMO, a inflação anual registou uma descida ligeira, fixando-se em 4,83% em Outubro de 2025, face aos 4,93% de Setembro, mantendo-se em um dígito no médio prazo.

Zandamela alertou que o endividamento público interno continua a agravar-se, afectando o normal funcionamento do mercado financeiro.

“A dívida pública interna, incluindo contratos de mútuo e locação, e as dívidas ou obrigações financeiras que não foram pagas no prazo estabelecido situam-se em 465,8 mil milhões de meticais (7,2 mil milhões de dólares).”

Este valor representa um aumento de mais de 50 mil milhões de meticais em relação a Dezembro de 2024. Os atrasos no pagamento pelo Estado têm tornado o mercado interbancário mais rígido e reduzido o interesse por títulos públicos, reforçando os riscos para a economia.

O CPMO agendou a sua próxima reunião para 28 de Janeiro de 2026, onde futuras decisões poderão ajustar a política monetária face às condições económicas do país.

Promo������o
Share this

Facebook Comments

Tagged