INE confirma recessão económica e contracção acumulada de 1,89%, marcando quatro trimestres seguidos de queda do PIB

DESTAQUE ECONOMIA
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A economia acumulou uma contracção de 1,89% nos primeiros nove meses do ano, somando quatro trimestres consecutivos de crescimento negativo, de acordo com o mais recente relatório das Contas Nacionais divulgado esta quinta-feira (4) pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm) registou uma variação negativa de 0,85% no terceiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior, prolongando a trajectória recessiva iniciada no último trimestre de 2024.

Segundo os dados do INE, o recuo do PIB foi de 5,68% no quarto trimestre de 2024, seguido por quedas de 3,92% e 0,94% no primeiro e segundo trimestres de 2025, respectivamente. A última expansão da economia registou-se no terceiro trimestre de 2024, antes das eleições gerais, com uma taxa de crescimento de 5,58%.

O desempenho económico negativo no terceiro trimestre deste ano é atribuído, essencialmente, ao fraco desempenho do sector secundário, que verificou uma variação homóloga de -10,63%. Dentro deste sector, destacam-se as quedas acentuadas na produção e distribuição de electricidade, gás e água (-31,39%), na indústria transformadora (-4,08%) e na construção (-3,09%).

O sector terciário recuou 1,51%, influenciado sobretudo pela queda nos ramos de hotéis e restauração (-6,12%), comércio e serviços de reparação (-5,20%) e transportes e comunicações (-3,30%). Apenas os serviços financeiros apresentaram crescimento, com uma variação positiva de 1,47%.

Face a este cenário, o Governo reviu em baixa a previsão de crescimento económico para 2025, estimando agora uma taxa de 1,6%, contra os 2,9% inicialmente projectados. A revisão consta da nova proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2026, actualmente em apreciação parlamentar.

Na proposta revista, o Executivo reconhece um “contexto económico e financeiro substancialmente mais adverso” do que o previsto, o que obrigou à revisão em baixa da receita do Estado, com uma redução de 1,3 mil milhões de meticais (15 milhões de dólares). Em consequência, serão implementados cortes em projectos de investimento público considerados não prioritários.

Para 2026, o Governo projecta uma recuperação do crescimento económico para 2,8%, sustentada pela expansão do sector dos serviços, pelo aumento das exportações de Gás Natural Liquefeito (GNL), pelo dinamismo do sector agrário e por investimentos estruturantes na área da energia.

Em termos macrofiscais, a proposta orçamental revista para 2026 aponta para uma receita pública de 406,9 mil milhões de meticais (4,7 mil milhões de dólares), correspondente a 24,9% do PIB, e uma despesa total de 520,6 mil milhões de meticais (6 mil milhões de dólares), representando 31,8% do PIB. O défice orçamental mantém-se nos 113,6 mil milhões de meticais (1,3 mil milhões de dólares), equivalente a 7% do PIB.

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