Lutadores moçambicanos exibem classe no Txaya Fighting Championship

DESPORTO DESTAQUE

O MMA já é uma realidade em Moçambique. Foi um momento, diga-se em abono da verdade, marcante para a história do desporto moçambicano. Pela primeira vez, foram organizados no país combates de Artes Marciais Mistas, sobejamente conhecidos por MMA. Os cinco combates realizados naquela que foi a primeira ronda do Txaya Fighting Championship levaram o público que se fez à Estação dos Caminhos de Ferro de Moçambique ao delírio. Os lutadores mostraram-se agradados com o nível da organização e prometeram mais espectáculo para as rondas que se seguem. Por sua vez, a organização do evento, o Txaya Moçambique, garantiu que a prova veio para ficar e pediu, mais uma vez, aos empresarios para apoiarem os atletas.

Os amantes das modalidades de combate puderam acompanhar ao vivo e cores cinco combates entre lutadores moçambicanos que queriam mostrar ao mundo o seu valor no que às artes marciais diz respeito.

Quis o sorteio que a luta que ia abrir as hostilidades fosse entre Ricardo Larssen (Rico) e Wagner Lauchand (Tyson), na categoria welterweight. Apesar dos 12 anos de prática em Marcial Muay Thai e JuiJitsu, Rico apenas aguentou 22 segundos perante a um oponente que apenas tem seis anos de prática em boxe e kung fu, uma vez que o juiz entendeu que este não estava em condições de continua em combate depois ter sido atingido com o estrondoso golpe de Tyson que o deixou estatelado no ringue.

A luta entre Rico e Tyson serviu como aperitivo para os combates quatro combates que faltavam disputar. Na categoria Featherweight, Bernardino Pereira e Aberto Mangue, especialistas em Taekwondo ITF\WTF e boxe, foram os protagonistas da segunda luta do dia.

No primeiro round, o combate foi disputado numa toada de equilíbrio. No Segundo, Pereira mostrou resistência e soube travar os ataques do seu oponente que já fatigado desistiu e entregou a vitória de bandeja. Aliás, Alberto teve que ser assistido pela equipa médica antes de abandonar o ringue.

Ao contrário do que aconteceu nas primeiras duas lutas, a Terceira luta que colocou frente a frente João Manjate, praticante de Taekwondo e já com algumas lutas a nível internacional, e Mbandi Lendário, especialista em Taekwondo e Boxe, foi um veradeiro duelo de titas. Enquanto Van Dame optava por usar os pés para atingir o seu oponente, Lendário usava as mãos para golpear o seu rival. Os lutadores queriam resolver a contenda no primeiro round, mas nenhum dos dois conseguiu essa façanha.

No Segundo daquele combate da categoria welterweight, João conseguiu colocar no chão o seu adversário que deixou cair a protecção dental e o árbitro entendeu que já não havia condições para a luta continuar. Lendário insistiu que estava apto para continuar, mas a decisão do juiz que também teve suporte dos membros do juri foi irreversível.

Um leão que não ao seu  próprio nome

Tiago Muchanga (Leão da Paz) e Nilton Sengo (Cyborg), na categoria lighweight protagonizaram o combate mais espectacular da noite. Nilton entrou com a lição bem estudada, ou seja, fez de tudo para mostrar os porquês de ser um dos melhores na especialidade Kickboxing e Sanda no país, enquanto o Leão da Paz queria mostrar os dotes que lhe valeram o estatuto de campeão de boxe ao nível da Cidade de Maputo.

O primeiro assalto terminou com Nilton Sengo a denotar algum cansaço, enquanto o seu oponente mostrava que ainda estava fresco. No round seguinte, ou seja, no segundo, Tiago Muchanga foi mais ofensivo, mas Nilton conseguiu adiar a triunfo do seu oponente para o terceiro round, que acabou sendo por knockout técnico. Depois da decisão do juiz, o inconformismo tomou conta de Sengo, enquanto Muchanga festejava efusivamente o triunfo com os seus apoiantes.

No quarto e penúltimo combate, Nordino Mussane e Paulo Maurício mediram forças na categoria light heavyweight. No primeiro assalto Mussane foi o mais ofensivo, enquanto Paulo pautava pela defensiva. Nesta etapa, Mussane, de 27 anos de idades e especialista em Kung Fu, conseguiu empurrar o seu rival para fora do ringue, mas não teve a mesma resistência no Segundo, uma vez que quando o cronometro marcava 2 minutos e 19 segundos reconheceu o poderio do seu rival que, mesmo tendo menos sete anos em relação ao seu oponente, mostrou uma maturidade acima da média.

O último combate era aguardado com enorme expectativa, uma vez que colocou frente a frente aqueles que são considerados os melhores lutadores a nível nacional. Entretanto, o mesmo não foi alem do primeiro round.  Emerson fez valer a sua experiência internacional para derrotar Freddy Trovão em menos de 30 segundos n aluta que esteve inserida na categoria Flyweight

A verdade dos intervenientes

O presidente do Txaya Moçambique, Nuno Rodrigues, estava com sentimento de missão cumprida depois da primeira ronda do Txaya Fighting Championship. Rodrigues avançou que Nampula será no próximo mês de Março palco de combates de MMA entre lutadores na zona norte.

“As pessoas que estiveram aqui viram com os seus próprios olhos. Mesmo aqueles que assistiram através da televisão e plataformas digitais viram que os lutadores moçambicanos são talentosos. Recebemos um feedback positivo de pessoas que estão na Tailândia, Indonésia e Malásia que são países com vários especialistas em modalidades de luta. Estamos a preparar um evento que terá lugar na província de Nampula. Vamos selecionar atletas e vamos ajudar na preparação tal como fizemos com os que participaram no Txaya. Incentivamos os lutadores interessados a se inscreverem porque o nosso objetivo não é fomentar a violência, mas sim ajudar a massificar a modalidade”, declarou Nuno Rodrigues para depois pedir, mais uma vez, aos empresários para apoiarem os atletas.

“Aos empresários pedimos que apoiem os atletas e não necessariamente para o Campeonato. Os atletas mostraram o seu valor e provaram que com mais apoios podem chegar longe”

Os lutadores participaram pela primeira vez num combate de Artes Marciais Mistas em Moçambique e não conseguiram esconder a sua satisfação por terem realizado um sonho que perseguiam há um par de anos. Wagner Lauchand declarou que veio motivado para vencer, mas esperava mais do seu oponente que sucumbiu logo nos instantes iniciais do primeiro assalto.

“Estou deveras feliz pelo triunfo. Esperava vencer, mas não esperava que fosse tão rápido. O adversário caiu logo no primeiro soco. Espero que haja mais aderência do público nos próximos eventos. Sou atleta de boxe e esta foi a primeira aparição no MMA, estou muito feliz e agradeço a minha academia New One pelo apoio” disse Wagner “Tyson”.

Bernardino Pereira puxou dos galoes para vencer Alberto Mangue, mas afiançou que ainda tem muito por mostrar na presente edição do Txaya Fighting Championship’. “Foi uma luta boa, todos viram que venci sem nenhum esforço. Consegui superar o primeiro obstáculo, daqui para frente é treinar mais e as pessoas podem esperar mais de mim nas próximas lutas. Não usei o melhor de mim, se tivesse aplicado a minha técnica o adversário teria caído logo no primeiro segundo. Agradeço ao público que aderiu em massa e aos meus seguidores do Facebook pelo apoio sem esquecer a minha família”

João Manjate, vulgarmente conhecido por Van Dame, teve uma estreia de sonho Txaya Fighting Championship’. O lutador que conta com algumas lutas a nível internacional, quer mostrar que é único que pode ser comparado a Jean Claude Van Dame em Moçambique.

“Já venci muitas lutas e já venci vários mestres na minha vida, mas foi a primeira que participei numa luta de MMA. Esperava um dia estar neste patamar porque vinha trabalhando para isso. É uma iniciativa bem vinda e nós como lutadores só temos que agradecer por isso. Vou me preparer para mostrar nas próximas lutas que sou o único Van dame em Moçambique”.

Tiago Muxanga é conhecido por Leão da Paz, mas nao no combate em que teve como oponente Nilton Sengo nao fez jus ao seu próprio nome. O campeão da cidade de Maputo na modalidade de boxe garantiu que tem o objectivo de se sagrar campeão da primeira edição do sonho Txaya Fighting Championship’.

“Parabéns a todos. O adversário esteve muito bem, mas eu treinei muito por isso sai vencedor. Assim, estou à espera das duas lutas que faltam para me consagrar o vencedor do Txaya. O meu próximo adversário deve treinar mais porque estou a trabalhar para ser o vencedor do torneio. Os organizadores estão de parabéns e espero que continuem a organizar mais eventos do gênero”.

Por sua vez, Paulo Maurício, que venceu um adversário que veio de Chibuto, mostrou-se optimista para a próxima fase, tendo declarado que independentemente da província do seu adversário quer somar mais uma triunfo.

“A minha equipa trabalhou muito para isso, trabalhamos durante muito tempo no campo e hoje mostramos o que vínhamos preparando. Agradeço ao Txaya pela oportunidade porque se não fosse eles não tinha como mostrar o que sei fazer. Qualquer que seja o próximo adversário seja de Inhambane, Gaza ou Nampula o objectivo será o mesmo, ou seja, vencer”.

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