Transportadores nacionais bloqueiam fronteira da Ponta de Ouro para carros com matrícula sul-africana

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Dezenas de transportadores nacionais de passageiros bloquearam ontem, 14 de Fevereiro, a entrada e saída de transportadores de passageiros com matrícula sul-africana na fronteira da Ponta do Ouro, em Maputo, em resposta à onda de destruição de viaturas particulares e autocarros de transporte de passageiros com matricula moçambicana por indivíduos sul-africanos em diversas partes daquele país vizinho.

Os transportadores nacionais de passageiros viram-se obrigados agir desta forma pois segundo dizem, até o momento nenhum dos governos dos dois países fez algo concreto para travar a onda de ataques às viaturas com matrícula moçambicana na África do Sul. O protesto acontece dois dias após ter sido queimado mais um transporte de passageiros com matrícula moçambicana na África do Sul.

O bloqueio pegou vários utentes daquela fronteira desprevenidos, pois nunca havia se assistido um cenário parecido naquele ponto, pelo menos do lado moçambicano. No local, transportadores nacionais exigiam explicações do que leva os sul-africanos a incendiarem viaturas com matrícula moçambicana naquele país. Alguns dizem se tratar de novos ataques xenófobos.

Sem gravar entrevista, o comandante distrital da Polícia da República de Moçambique em Matutuine, Helton Fumo avançou que decorriam negociações com os transportadores para que estes abandonassem o local e para possibilitar a livre circulação de viaturas, incluindo carros de transporte de passageiros com matrícula sul-africana.

Importa lembrar que a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, já havia garantido a 30 de Janeiro do ano corrente que o governo moçambicano está em contacto com a África do Sul para que os ataques parassem, mas tal não aconteceu. Na mesma ocasião, Verónica Macamo teria exigido ao governo sul-africano que ataques à moçambicanos parem de imediato.

“Acho que esse não é um desejo do Governo sul-africano. O problema principal é quando é que [os ataques vão] parar. É isso que também exigimos ao Governo sul-africano, que essas coisas parem”, afirmou.

Recentemente, os ministros do Interior de Moçambique e da África do Sul reuniram-se para discutir o assunto, porem, ficaram na conversa pois nenhuma medida foi anunciada contra os que atacam os moçambicanos na República da África do Sul.

De referir que esta não a primeira vez que moçambicanos têm sido alvos de ataques xenófobos na África do Sul; os de 2015, 2019 e 2020 deixaram dezenas de mortos, feridos e centenas de moçambicanos desabrigados.

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