Ferrão considera “silenciocracia” a proposta de Lei das Organizações Não-Governamentais

SOCIEDADE
  • Por condicionar as organizações e todos intervenientes da sociedade civil
  • Rotary Club de Maputo mostra-se preocupado

Em ambiente comemorativo ao Dia da Paz e Compreensão Mundial, que coincide com o seu 32º aniversário em Moçambique, o Rotary Club de Maputo juntou, semana finda, seus membros para reflectirem sobre a evolução das mudanças climáticas e seus impactos no nosso País. No evento que teve lugar na cidade de Maputo, Jorge Ferrão, reitor da Universidade Pedagógica de Maputo, foi principal orador, tendo, na sua intervenção, mostrado preocupação em relação à proposta de Lei das Organizações Não-Governamentais, afirmando que “de alguma forma todos nós temos que nos preocupar com isto”. Aliás, chegou mesmo a classificar de “silenciocracia” o momento actual que se vive no país.

 

Num evento em que estiveram diversos empresários moçambicanos, filantropos, membros e fundadores do Rotary Club de Maputo, Ferrão partilhou da preocupação das Organizações da Sociedade Civil em relação à proposta de Lei das Organizações Não-Governamentais recentemente submetida pelo Governo à Assembleia da República.

No seu estilo característico, Ferrão chamou a proposta de lei de “silenciocracia”, pois, no seu entender condiciona as organizações e todos intervenientes da sociedade civil a curvarem-se  “a um poder que é instituído e que não deixa espaço para que a nossa iniciativa possa de alguma forma progredir”.

No seu entender, caso esta lei seja aprovada como está vai trazer muito desconforto às organizações da sociedade civil e avança que “de alguma forma todos nós temos que nos preocupar com isto”.

Indo ao encontro do tema central da reflexão, as mudanças climáticas, Ferrão destacou que Moçambique tem vindo a sofrer incidência dos impactos dos ciclones e aquecimento global durante decénios, devido a erupção de vulcões e poluição.

“Acho que os próximos estudos científicos vão fazer referência a esta quantidade de vulcões que nós temos”, disse Ferrão, dando exemplo do vulcão das Ilhas Canárias que esteve expelindo lava por cerca de seis semanas e ganhou mais de três quilómetros do espaço do mar, pelo que “não é algo que tem que ser ignorado”.

Para demonstrar a urgência de se olhar com mais atenção para as mudanças climáticas, Ferão, lembrou que no último decénio, a costa moçambicana sofreu com oito fortes ciclones, incluindo o Idai que teve ventos que alcançaram 280km/hora.

“Estamos já noutra década, mas já temos registo de quatro ciclones e apelo que o Rotary Club ao desenhar algum projecto para fazer face à estas situações tenha a devida consciência”, sugeriu Ferrão.

De referir que o Rotary Club de Maputo é membro do Rotary Internacional, a maior Organização Não Governamental humanitária do mundo, com assento permanente nas Nações Unidas, cuja maior vocação é ajudar e apoiar pessoas vulneráveis e carentes, bem como contribuir para a paz e compreensão mundial.

Mais de 30 anos espalhando amor aos moçambicanos

Na semana finda, o Rotary Club de Maputo assinalou a passagem de 32 anos de existência em Moçambique. Durante as celebrações, coube a Florêncio José Infante, um dos membros fundadores da Rotary Club de Maputo, partilhar o historial do seu surgimento e as várias intervenções desta organização filantrópica em Moçambique.

“O Rotary Club surgiu em um ambiente de instabilidade social, económica e política nos finais da década de 80 e desde então, passou a contribuir para que houvesse paz no nosso país o mais rapidamente possível”.

Florêncio Infante reconhece que para que o Rotary Club de Maputo surgisse precisou de um ligeiro “empurrão” do governo moçambicano, pois já tinha um plano de acção e já havia identificado as áreas de actuação prioritárias.

“A 12 de Maio de 1990 tivemos a aprovação e os primeiros estatutos do Rotary Club de Maputo publicados no Boletim da República n.30/3ª série, 25 de Julho de 1990”, porém, foi lançado oficialmente a dia 22 de Setembro do mesmo ano, no Hotel Cardoso.

Desde então, o Rotary Club de Maputo tem colaborado com o governo de Moçambique e diferentes organizações para a execução de grandes projectos nas comunidades, desde a construção de sete salas de aulas em várias escolas do país, com destaque para a Escola Primária de Mali, reabilitação de sanitários, colocação de água corrente em benefício de cerca de 2500 crianças, entre outras acções beneficentes.

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