- Suspeita-se que concurso seja usado para compra de lealdade em vésperas das “internas”
- Presidente do Município diz que a edilidade cozinha quinzenalmente para idosos
Quando faltam pouco menos de quatro meses para as eleições autárquicas, o Conselho Municipal da Manhiça acaba de anunciar 11 adjudicações de um concurso público para aquisição de bens e serviços datado de 14 de Abril. Entre os objectos do concurso, o mais curioso é a adjudicação de pouco mais de três milhões para a compra de produtos alimentícios. O Evidências apurou que não há risco de corrupção, contudo, o “timing” da aquisição dos alimentos deixa muitas interrogações, havendo quem acredita que aquela inusitada aquisição visa a compra de lealdade entre os secretários dos bairros, numa altura em que decorrem preparativos para as eleições internas e o actual edil, Luís Munguambe, já manifestou vontade de concorrer a um terceiro mandato. Em entrevista ao Evidências, Luís Munguambe declarou que parte dos alimentos adquiridos são distribuídos aos idosos e outros são confeccionados nos dias em que se realizam as sessões da Assembleia Municipal.
Texto: Duarte Sitoe
Numa altura em que muitos municípios estão em dificuldades até para pagar salários, o Município da Vila da Manhiça pretende gastar mais vinte milhões de meticais para adquirir bens e serviços, numa empreitada que é vista como uma estratégia para compra de lealdade entre os camaradas.
Entre as adjudicações mais nebulosas, a instituição liderada por Luís Munguambe desembolsou mais de 3 milhões de meticais para adquirir material de escritório e consumíveis.
Ainda no concurso público datado de 14 de Abril do corrente ano cuja referência é 02/CMVM/VAS-SEG/UGEA/22, aquela autarquia, através da Unidade Gestora Executora de Aquisições (UGEA), comprou géneros alimentícios num valor de 3,300 000,00 de meticais.
Evidências apurou que não há inconformidades, pelo menos neste objecto, contudo, suspeita-se que os bens alimentícios sejam usados para compra de lealdade, numa altura em que aproximam-se as eleições internas, que culminarão com a indicação do cabeça de lista da Frelimo para as eleições de Outubro próximo..
Numa entrevista concedida ao Evidências, o presidente do Conselho Municipal da Vila da Manhiça explicou que os 3.300 000, 00 de meticais serão usados para adquirir géneros alimentícios ao longo do corrente ano.
“Esse valor é dos alimentos que vamos adquirir ao longo do ano. O que acontece é cada vez que nós queremos um quilo de arroz não podemos comprar porque o Estado compra naquele que tem contrato que é validado pelo Tribunal Administrativo. Até podemos não chegar ao valor estipulado no contrato, mas há casos que podemos superar e aí temos que refazer o contrato e voltar a dar oportunidades para os que pretendem concorrer para fornecer bens e serviços ao município da Vila da Manhiça”, disse Luís Munguambe.
“Nós usamos os produtos de 15 em 15 dias para dar aos idosos”
Ainda no rol das justificações, o edil da Vila da Manhiça disse que os alimentos adquiridos na COGEF são distribuídos pelos idosos, tendo ainda revelado que o município tem confeccionado comida nos dias em que se realizam as sessões da Assembleia Municipal.
“Nós usamos os produtos de 15 em 15 dias para dar aos idosos. Quando temos sessões da Assembleia Municipal precisamos de confeccionar comida para os membros da assembleia que ficam todo o dia e os produtos são comprados neste armazém. Quando temos reuniões com os líderes comunitários levantam-se os produtos para cozinhar. Cada levantamento paga-se, não é aberto como que se pagou um cheque de três milhões. No combustível temos contrato com fornecedor de cinco milhões de meticais, cada vez que uma viatura do município vai abastecer leva uma requisição e no fim de cada mês fazemos as contas para pagar”, justificou.
Nas entrelinhas, Luís Munguambe jurou de pês juntos que mesmo se estivesse a viver numa casa protocolar não aceitaria a cesta básica oferecida pelo Estado.
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