O projecto da Autogás passou por uma série de desafios ao longo dos seus primeiros anos de existência. Contudo, tem vindo a consolidar-se ano após ano e está neste momento numa fase de expansão. O facto foi revelado pelo director – geral da Autogás, João Das Neves, nesta quarta-feira, 17 de Julho.
Falando à margem do encontro promovido pela Autogás com as empresas de aluguer de viaturas e representantes de marcas automóveis, o eng. João Das Neves, Director Executivo da Autogás esclareceu que a Autogás tem estado a expandir gradualmente e que neste momento abastecem um número superior a 4500 clientes satisfeitos através de uma rede de 07 postos na cidade de Maputo, Matola e Marracuene.
Falando do actual estágio do projecto, João Das Neves reconheceu que gostaria que o mesmo estivesse num outro patamar, porém, advertiu que e expansão do projecto fica mais lenta e o desenvolvimento fica dependente única e exclusivamente do desempenho dos aspectos comerciais.
“O projecto tem estado a crescer gradualmente e podemos dizer que estamos satisfeitos com o nível de desenvolvimento. Claro que gostaríamos de estar ainda mais a frente, que tivéssemos muito mais consumidores e mais postos, mas este crescimento está relacionado a dois aspectos: a comunicação e a grande necessidade de investimentos avultados a um custo comportável. Os investimentos a realizar devem ser sustentáveis e que permitam aumentar o nível da rentabilidade do projecto. Este tem sido o maior desafio porque não havendo um crescimento de consumidores que justifique mais postos, a expansão fica mais lenta e o desenvolvimento fica dependente única e exclusivamente do desempenho dos aspectos comerciais”.
De acordo com o João Das Neves é mais oneroso em comparação com o transporte de combustíveis líquidos, situação está que contribui para o que o projecto esteja, actualmente, a ser implementado na zona sul, por sinal onde se encontra 63% do parque automóvel do país.
“O projecto da Autogás preconiza a cobertura geográfica nacional. Com cerca de 70 pontos de gás distribuídas em todas províncias e pelos principais corredores. Contudo, neste momento há dois aspectos que limitam o desenvolvimento dos projectos de gás na zona sul. Isto está relacionado primeiro com o aspecto de viaturas disponíveis no país das quais 63% se encontram concentradas na zona sul e 27% espalhados pelo resto do país. Naturalmente que em termos de viabilidade económica e financeira justifica-se primeiro satisfazer na totalidade estes 63%, segundo a disponibilidade do gás que só está disponível na zona sul. O transporte do gás por via terrestre é mais oneroso do que o transporte dos combustíveis líquidos. Zonas com Niassa e Tete não é viável transportar o gás em camiões para abastecer nesses locais”, disse Das Neves para depois referir que as zonas nortes e centro não constam dos planos de expansão a curto prazo.
“Quando tivermos o LNG disponível em terra será possível equacionar esta solução, mas por enquanto na zona centro e norte não podem constar dos planos a curto prazo. Há projectos de terminais de LNG e de um gasoduto a partir do Norte de Moçambique para o Sul, contudo os mesmos irão levar pelo menos 5 a 10 a ser implementados pelo que só nessa altura será possível construir postos de GNV nas zonas centro e Norte de Moçambique”.
Nas entrelinhas, se por um lado, o Director – geral da Autogás revelou que depois dos momentos difíceis para a sua consolidação o projecto começou a gerar lucros que são reinvestidos no crescimento do mercado. Por outro, revelou que desde a sua implementação a iniciativa ainda não recebeu nem estimulo financeiro do Executivo.
“Desde o início as pessoas mostravam interesse em aderir, contudo levantavam a questão do custo inicial para usar o gás natural. A Auto gás atravessou momentos difíceis de consolidação, neste momento tem estado a dar pequeno lucro e decidiu injectar este pequeno lucro para reinvestir no crescimento do mercado. É assim que temos subsidiado o custo da conversão de viaturas para a tornar mais acessível, ainda não é possível neste momento subsidiar a 100%. O Estado tem um papel a desenvolver neste processo de estímulo para adesão ao gás natural. Até este momento a Autogas ainda não se beneficiou de qualquer estímulo financeiro, mas está a fazer a sua parte de entre aquilo que é possível e dentro do que a situação económica permite”.

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