- Seita é dirigida por Lourenço Fole, pai espiritual de Venâncio Mondlane
- Candidato da CAD é um dos pastores da referida seita religiosa
- Houve feridos entre os membros da equipa da escritora e o caso já está com a polícia
Um pastor, descrito como arrogante, da Igreja Divina Esperança, em que Venâncio Mondlane, candidato presidencial da CAD, é também ministro sagrado, é acusado, em conluio com seguranças da igreja, de ter agredido a renomada escritora moçambicana Paulina Chiziane e sua equipa de trabalho, quando estavam a gravar imagens nas imediações da referida congregação para um trabalho audiovisual de um projecto novo da conceituada e multigalardoada escritora, denominado “Pobreza”.
Elísio Nuvunga
As igrejas em qualquer parte do mundo, para além de pregar o evangelho são conhecidas pelo seu papel de promover a paz e harmonia social, difundindo mensagens de amor e perdão. No entanto, parece que no último domingo, 28 de Julho corrente, o Ministério Divina Esperança pontapeou as doutrinas constantes da bíblia.
Este domingo, um pastor e seguranças da referida seita religiosa agrediram a escritora Paulina Chiziane e sua equipa quando estavam a gravar imagens nas imediações da referida congregação.
O pastor, descrito como arrogante, e seus seguranças alegaram que a equipa de Paulina Chiziane não podia gravar imagens sem nenhuma autorização. No entanto, no local não consta nenhuma restrição ou proibição para captação de imagens, como manda a Lei, o que esvazia, a priori, qualquer imperativo de apresentação de autorização para captação de imagens.
Paulina Chiziane, Doutora Honoris Causa pela Universidade Pedagógica (UP), por sinal a única moçambicana que até aqui logrou o feito de vencer o Prémio Camões, relatou num comunicado em forma de vídeo que foi humilhada e torturada psicologicamente, enquanto os membros da sua equipa, um dos quais já estava incomodado, foram agredidos fisicamente.
“Hoje, houve um episódio estranho nas imediações da igreja Divina Esperança, porque estamos a preparar algumas imagens, e o que aconteceu foi que os seguranças da dita igreja vieram ao nosso encontro e disseram: aqui nas imediações não permitimos que façam fotografias. Até aí estava tudo bem. Ficamos à espera mais de duas horas e os seguranças não disseram nada”, contou Chiziane.
Prosseguindo, Chiziane referiu que devido a falta de consenso entre as partes foi acordado que deviam seguir para a esquadra da polícia para obterem uma mediação em relação ao conflito instalado. Isso exigiu que ficassem por mais de duas horas à espera dos líderes da igreja. É aí que apareceu o pastor envolvido nas agressões, descrito pela escritora como tendo uma postura arrogante.
Confiscaram telefone da escritora
Quando já seguiam para a esquadra, sob orientação do referido pastor, os seguranças do Ministério Divina Esperança, de acordo com Chiziane, agrediram todos os elementos da equipa que estava no terreno, sendo que um deles estava com problemas de saúde.
“Confiscaram o meu telefone celular. O Eduardo Samo,foi gravemente agredido, o meu maestro das palavras, o meu assessor, Vieira Mário, apertaram-lhe o pescoço que quase eu ia morrendo ao ver aquela coisa horrível. O Job, nosso amigo que está doente, foi maltratado. Eu, Paulina, sofri agressão psicológica, na igreja Divina Esperança. É muito triste o que aconteceu”, lamentou a escritora.
Dada a gravidade das agressões, os membros da equipa da escritora foram encaminhados para uma unidade hospitalar, para assistência médica de urgência. O caso já é do domínio das autoridades policiais que já lavraram o referido auto de notícia com vista a responsabilização dos autores.
Refira-se que a Igreja Ministério Divina Esperança pertence ao Profeta Lourenço Fole, conhecido como pai espiritual de Venâncio Mondlane, que é também pastor da congregação religiosa. Lourenço Fole é conhecido pelas suas pregações de demonstrações de milagres e profecias. Uma das célebres profecias indicava que Venâncio Mondlane é o escolhido de Deus para ser Presidente da República.
Na semana passada, numa espécie de actualização da profecia, o mesmo Lourenço Fole reafirmou que Venâncio Mondlane será Presidente da República, mas desta vez acrescenta que vai ser “depois” e se ele continuar leal ao seu pai espiritual.
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