O assédio sexual frequentemente envolve ameaças e o assediador pode ser de um nível hierárquico superior, o que de certa forma amedronta a vítima e testemunhas quanto às possíveis consequências de denunciar. Para a activista social Catarina Artur, a ineficiência de mecanismos de defesa para os denunciantes propicia aumento de casos de vítimas que sofrem no silêncio. Enquanto algumas vítimas dizem que o assédio sexual ainda não é crime, acusando algumas instituições de ensino e empresas de normalizarem estas práticas, o psicólogo alerta que a falta de medidas para estancar o assédio sexual pode levar as vítimas a cometerem suicídio
Jossias Sixpence – Beira
Considera-se o assédio sexual como constrangimento sexual de alguém, por palavras, actos ou gestos com o objectivo de obter vantagem ou favor sexual. Na Cidade da Beira, província de Sofala, as vítimas, na sua maioria mulheres, não denunciam os assediadores quando são seus superiores hierárquicos por medo de perder o emprego.
Para Catarina Artur, directora executiva da Pressão Nacional dos Direitos Humanos (PNDH), as vítimas preferem abraçar o silêncio devido à ausência dos mecanismos de protecção para os denunciantes.
“Não se pode fazer uma denúncia enquanto a vítima não pode dar voz ou não que dar cara, por isso muitas das vezes casos de assédio sexual acabam não sendo encaminhados porque a própria vítima não quer se expor, uma vez que os próprios mecanismos de denúncia não são muito eficientes. Deve-se trabalhar um pouco mais esses mecanismos para que o denunciante se sinta seguro, mas se não existe protecção, como é que a vítima pode denunciar?”, questionou Catarina Artur.
Por seu turno, o psicólogo Alfredo Micheque diz que o assédio pode influenciar nas metas, quer no trabalho ou na escola, porque o acto propicia a falta de atenção, alertando que a falta de medidas para estancar este fenômeno pode levar as vítimas a cometerem suicídio.
“A vítima pode também começar a apresentar baixa perspectiva futura, com poucos sonhos e desejos futuros, prejudicando sua expectativa de vida e a falta de concentração, e o prejuízo da memória são consequências que podem ser atribuídas ao sofrimento de quem foi assediado. Trata-se de sintomas que podem ser cíclicos, se o paciente não realizar um acompanhamento adequado. A falta de concentração pode gerar diversos prejuízos profissionais e pessoais, visto que compromete o rendimento e a produtividade do profissional, podendo ser utilizado como desculpa para o assediador provocar o assédio de forma recorrente”, frisou Micheque e disse ainda que, para além disso, a vítima de assédio moral ou sexual desenvolve vários tipos de enfermidades emocionais e físicas, como dores generalizadas, depressão, hipertensão, crises de pânico, podendo chegar ao suicídio”, declarou Micheque
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