Primeiro caso suspeito de mpox aguarda resultados laboratoriais

DESTAQUE POLÍTICA
  • África do Sul regista óbitos e Malawi e Zimbabwe impõem rastreio nas fronteiras
  • Doença já foi detectada na República Democrática do Congo (RDC); Burundi; Quênia; Ruanda; Uganda; Suécia, Tailândia e no vizinho África do Sul.

Mesmo rodeado de países em estado de alerta e com medidas sólidas para detectar possível entrada da varíola dos macacos, cientificamente designado “mpox”, Moçambique parece ter feito pouco, principalmente nas suas fronteiras até agora, um relaxamento que pode custar caro para o Sistema Nacional de Saúde. Neste final de semana, o Hospital Geral José Macamo, na cidade de Maputo, confirmou que detectou o primeiro caso suspeito de mpox. As autoridades de saúde afirmam que já recolheram as amostras para apurar se, de facto, se trata da doença. O suspeito encontra-se internado, em isolamento e sob observação do Instituto Nacional da Saúde (INS).  Por outro, há suspeita não confirmada de um paciente no Centro de Saúde São Damanso, Matola, na Província de Maputo, que apresentava sinais de erupção e borbulhas na pele, onde apesar da pronta intervenção dos profissionais locais, as semelhanças da manifestação da doença levaram a comunidade a acreditar tratar-se de mpox, acusando os profissionais de saúde de negligência.

 Nada confirmado, mas as suspeitas colocam a sociedade em alerta. No último sábado, um caso suspeito foi detectado num indivíduo de 35 anos, residente no bairro de Bagamoyo, que deu entrada no Hospital Geral José Macamo com sintomas da doença.

O suspeito foi de imediato isolado e colocado sob observação no Hospital Geral Polana Caniço, enquanto se esperam os resultados das amostras levadas ao laboratório do Instituto Nacional de Saúde. “Foram colhidas amostras para se ter a certeza de que, realmente, se trata da varíola dos macacos ou não. Recomendamos à família que, se por acaso tiver alguma erupção na pele, se tiver febre, se tiver dores de cabeça, se aproxime à unidade sanitária para estudo e futura conclusão”, avançou Luís Wall, Director Clínico do Hospital Geral José Macamo.

Na mesma semana, o Evidências apurou que teria dado entrada na Unidade Sanitária de São Damanso, um indivíduo que apresentava erupções e borbulhas na pele, o que teria criado alguma suspeita por parte das pessoas próximas de que se tratasse de mpox, no entanto, chegada na unidade sanitária não foi confirmada nenhuma suspeita. O caso levantou especulações de negligência por parte dos profissionais locais.

É que um dos principais sinais da doença é o aparecimento de borbulhas na pele, por isso as autoridades da saúde recomendam a lavagem frequente das mãos, uso da máscara e evitar o contacto físico com pessoas suspeitas, tosse e espirro.

Na semana passada, o Presidente da República, Filipe Nyusi, teria reconhecido que a Mpox pode tornar-se “mais um desafio” à saúde pública em Moçambique, apontando o reforço de medidas de vigilância e acções de prevenção da doença pelo Ministério da Saúde. “Este pode ser mais um desafio no âmbito de saúde pública”, declarou Nyusi, durante um evento público em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, numa menção à nova variante do vírus monkeypox (Mpox).

O Chefe de Estado teria instado o Ministério da Saúde (Misau) a reforçar as medidas de vigilância em todas as unidades hospitalares do país, incluindo o fortalecimento e expansão da capacidade laboratorial de testagem de casos suspeitos.

Entre as acções, avançou o Presidente, está também a actualização do “plano de prontidão e resposta”, bem como os “protocolos terapêuticos” e ações de comunicação de risco.

Países vizinhos em medidas extremas de rastreio da doença

Na África do Sul já foram registados três óbitos causados pela doença, enquanto em Malawi medidas de segurança foram tomadas depois de confirmados dois casos suspeitos. Malawi introduziu o rastreio obrigatório da varíola dos macacos em todas as suas fronteiras, incluindo a que partilha com Moçambique. A medida surge após o país vizinho registar dois casos suspeitos no início da semana passada. Os visitantes do Malawi são obrigados a passar por triagem em aeroportos e postos de fronteira.

O rastreio da Varíola dos Macacos, também conhecida como Mpox, tornou-se obrigatório, inclusive nos aeroportos internacionais, e faz parte de uma série de medidas preventivas adoptadas pelo Malawi.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Mpox em África como emergência global de saúde, com casos confirmados entre crianças e adultos de mais de uma dezena de países e uma nova variante em circulação.

A organização pediu uma resposta internacional unificada, perante a identificação da nova variante do vírus na Europa (Suécia), um dia após a notificação do primeiro caso na Ásia (Paquistão).

De acordo com a OMS, existe actualmente meio milhão de uma das duas vacinas que foram desenvolvidas em processos rápidos contra o Mpox, podendo ser produzidas mais 2,5 milhões de doses no próximo ano.

Antes conhecida como “varíola dos macacos”, esta é uma doença viral que se propaga dos animais para os seres humanos, mas também é transmitida por contacto físico próximo com uma pessoa infectada com o vírus.

O Mpox foi descoberto pela primeira vez em seres humanos em 1970, na actual RDCongo (antigo Zaire), com a propagação do subtipo clade I (do qual a nova variante é uma mutação), que desde então tem estado principalmente confinado a países da África Ocidental e Central, onde os doentes são geralmente infectados por animais.

Em 2022, um surto do subtipo clade II propagou-se a uma centena de países onde a doença não era endémica, afectando principalmente homens homossexuais e bissexuais, e causou cerca de 140 mortes, num total estimado de 90.000 casos.

A OMS declarou um alerta máximo em Julho de 2022, em resposta a este surto mundial, mas levantou-o menos de um ano depois, em maio de 2023.

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