Arão Valoi
Já havíamos dito neste espaço que a morte política da Renamo ficou consumada naquele polémico Congresso, o Sétimo, realizado na Vila Autárquica de Alto-Molócuè, na Província da Zambézia, em Maio deste ano e que o funeral seria realizado no dia 9 de Outubro, quando os moçambicanos se dirigissem às urnas para mais um processo eleitoral.
Os factos vieram mostrar que estávamos certos. Ainda que haja um arranjo institucional para acomodar a Renamo no segundo lugar, ficou evidente que a derrota foi humilhante e a queda foi estrondosa. Não terá sido por acaso que se disse, por aí, que o Genaral viu a sua tensão subir, deixou de comer e ficou pouco comunicativo.
Dissemos, na altura, que enredo que levou à morte política da Renamo começou em Janeiro de 2019, quando, após o desaparecimento físico do então Presidente do Partido, Afonso Dhlakama, os delegados ao Sexto Congresso, realizado na mítica Vila de Gorongosa, elegeram, com 410 votos, o General Ossufo Momade. Na verdade, a escolha do até então Coordenador Interino do Partido foi um autêntico erro de casting! Desde que assumiu as rédeas do poder, Ossufo Momade só criou divisões internas no Partido e a sua liderança tem sido alvo de críticas, principalmente, em torno da sua apatia e incapacidade de enfrentar os desafios internos e os problemas nacionais que a Renamo devia abordar.
O VII Congresso da Renamo foi o fim da linha. O encontro foi marcado pela exclusão de quadros séniores do Partido, com destaque para Venâncio Mondlane, cuja intenção era de desafiar Ossufo Momade na liderança do Partido. A “decisão” de manter Momade como líder e candidato às Presidenciais, só serviu para provar que ele não é politicamente sexy e nenhum moçambicano está interessado em ser governado por ele. De resto, os próximos dias serão interessantes para perceber que arquitetura política farão os membros para tentar salvar o barco, uma vez que começam a surgir vozes a pedir a saída do Presidente. De facto, esse é o caminho a seguir. Ossufo Momade deve deixar a Renamo na liderança de alguém com carisma, que saiba acompanhar as dinâmicas sociais, que inspira as pessoas, sobretudo os jovens.
A Renamo e seus membros, movidos pela ganância, não conseguiram ler cenários e o movimento da grande maioria da população jovem em torno da figura de Venâncio Mondlane, que acabou estando associado ao PODEMOS após a rejeição da CAD pelos órgãos eleitorais.
Uma vez no PODEMOS, Venâncio foi fundamental para a ascensão do Partido que, da sua insignificância, passou a ser uma referência nacional. Visionário que foi, o Presidente do PODEMOS, Albino Forquilha, aceitou que a sua formação política apoiasse o candidato Venâncio Mondlane e, com ele, o partido conheceu resultados extraordinários, inimagináveis num cenário político que era dominado pela dupla Frelimo e Renamo. Ou seja, Forquilha fez exactamente aquilo que a Renamo e Ossufo Momade deviam ter feito. Mas após os resultados conseguidos pela sua associação com a figura de Venâncio Mondlane, começam a surgir questionamentos sobre como será a nova configuração política do Partido PODEMOS, considerando que só conseguiu esses resultados devido ao carismático VM7. Neste momento, o PODEMOS oferece uma oportunidade singular para redefinir o espaço político em Moçambique. Contudo, essa transformação não virá sem desafios. O partido precisará de ser estratégico, inovador e adaptável para não apenas consolidar a sua nova posição, mas também para gerar um impacto duradouro no panorama político do País. A capacidade de traduzir a euforia inicial em resultados concretos e sustentáveis será crucial para a sua legitimidade e sucesso a longo prazo.
O Albino Forquilha está ciente e reconhece que esses resultados só apareceram por causa da figura de VM7. Em condições normais, os órgãos do partido deviam abrir espaço para que Venâncio se tornasse membro e, por via disso, concorresse ao cargo de Presidente do Partido. Com a influência de Mondlane, o PODEMOS tem a chance de ampliar a sua base eleitoral, envolvendo novos eleitores e aqueles que, por muito tempo, se sentiram abandonados pela política. A tarefa não é simples, mas é uma oportunidade valiosa de conectar-se com a população jovem, de ouvir as suas vozes e de transformar as suas preocupações em propostas concretas. Dentro de pouco tempo, o País voltará às eleições autárquicas e com VM7, o PODEMOS pode ser uma força gigantesca para a governação municipal.
Na verdade, o partido está, agora, diante de um caminho repleto de possibilidades e desafios. Com Venâncio Mondlane como seu farol, pode reescrever a sua história e consolidar-se como uma verdadeira alternativa no panorama político de Moçambique. E assim, na brisa das novas esperanças, o PODEMOS pode tornar-se num símbolo de que, mesmo os mais pequenos, podem se erguer e ressoar num coro de mudanças, desde que, em função das circunstâncias, apostem em estratégias certas.
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