Ciclone Chido causa mortos e deixa rastro de destruição no Norte do país

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  • Baixou de intensidade, mas o alerta continua

Dados ainda provisórios indicam, pelo menos, 15 mortes e dezenas de infra-estruturas públicas e privadas em consequência da passagem do ciclone Chido nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, no Norte do País. O perigo ainda não passou, apesar do fenómeno ter diminuído de intensidade, passando para tempestade tropical, com ventos menos fortes. 

Elísio Nuvunga

Tal como previsto pelos serviços meteorológicos, no último fim de semana, a zona Norte do país foi assolada pelo Ciclone Tropical Chido de categoria 5, caracterizado por ventos fortes e chuvas torrenciais que destruíram várias infraestruturas públicas e privadas, para além de ceifar a vida de três pessoas.

As províncias de Nampula e Cabo Delgado foram o epicentro da tempesatade, tendo sido atingidas com grande intensidade, o que resultou em perda de vidas humanas e destruição parcial ou total de dezenas de casas e outras infra-estruturas, incluindo postes de distribuição de energia eléctrica.

A maior destruição foi registrada em Cabo Delgado, especificamente no distrito de Mecufi. Em Pemba mais de 2.800 pessoas foram abrigadas, após verem suas casas desabarem. Em Nampula, os relatos menos animadores vem de Memba, onde há relatos de dezenas de casas com paredes ou telhados desabados.

O balanço preliminar aponta para 15 óbitos. Segundo a UNICEF, “muitas casas, escolas e instalações de saúde foram parcial ou completamente destruídas”. A agência está a avaliar o impacto e vai distribuir medicamentos, material de purificação de água e outros bens essenciais, afirmou num comunicado.

Esta segunda-feira, a presidente do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD), Luísa Meque, informou que a intensidade do ciclone já havia diminuído, passando para tempestade tropical. O fenómeno entrou no país como de categoria 5 e teve sua intensidade reduzida para categoria 4.

No entanto, a presidente do INGD alertou que o fenómeno ainda está em andamento em algumas áreas, o que dificulta a avaliação completa dos danos.

Meque também fez um alerta para os riscos residuais do ciclone, como a travessia de rios em áreas afectadas, já que as chuvas fortes podem aumentar o nível das águas e comprometer a segurança das travessias, o que representa um grande risco para as populações locais.

“Uma vez que os ventos enfraquecem, logo a seguir nós teremos muita chuva, e isso pode causar riscos ao atravessar rios e outras infra-estruturas”, disse a presidente do INGD.

Além disso, Meque destacou a segurança das habitações, principalmente em áreas com construções frágeis, e pediu que as populações evitassem permanecer em casas vulneráveis durante a ocorrência do fenómeno.

De acordo com o INGD são áreas de risco as províncias de Niassa (distritos de Cuamba, Mecanhelas, Mandimba e Metarica), Tete (distritos de Macanga, Mutarara, Doa, Angonia, Tsangano, Moatize, Chiuta, Songo, Marara, Cahora Bassa, Changara, e Cidade de Tete) e por último a província Manica (distritos de Guro, Tambara, Barué, e Maringué). As províncias poderão sofrer chuvas acima de 150 mm/24Hh com trovoadas, ventos com rajadas até 100 km/h.

Nas províncias de Zambézia (distrito de Gurué Namaroi, Lugela, Milange e Morrumabala) enquanto na província de Sofala serão afectados os distritos de Chemba, Caia e Maringue. As províncias poderão sofrer chuvas acima de 75 mm/24 com trovoadas, ventos fortes com rajadas até 80 km/h.

EDM minimiza danos do Ciclone Tropical Chido

A Electricidade de Moçambique (EDM) viu parte das suas infra-estruturas de distribuição de energia eléctrica a serem destruídas pelo ciclone, causando a interrupção de fornecimento de energia a pelo menos 200 mil clientes no primeiro dia, resultando na redução do número de afectados em cerca de 50%.

Neste momento, a empresa está a trabalhar para minimizar os danos causados pelo Ciclone Tropical Chido nas províncias de Cabo Delgado e Nampula que igualmente impactou as províncias de Niassa e Zambézia.

“No balanço das actividades de reposição realizadas pelo Comité Operativo da EDM, constatou-se a redução do número de clientes sem corrente eléctrica, que passou de 200.000 clientes anunciados ontem, 15 de Dezembro, para os actuais 110.000 clientes afectados”, informou esta segunda-feira.

De acordo com a entidade, até ao momento, as províncias de Cabo Delgado (Pemba, Mecufe, Metuge, Montepuez, Ancuabe, Chiúre, Quissanga e Ibo), Zambézia (Morrumbela e Dere) e província de Nissa (Maúa, Metarica e Nipepe).

A EDM assegurou que “as equipas técnicas estão no terreno, intervindo na rede para a reposição gradual do sistema. Entretanto as condições atmosféricas e a inacessibilidade de alguns locais têm sido os maiores obstáculos e concorrem para a demora na reposição do fornecimento da corrente eléctrica”.

Não obstante, a Electricidade de Moçambique (EDM) reforça apelo à observância rigorosa de medidas de prevenção e segurança que vão desde evitar proximidade de equipamento eléctrico; tocar cabos eléctricos; não usar equipamentos eléctricos em lugar de humidade e diversos.

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