Edmilson Mate
Uma das formas mais viáveis de resolver os problemas ligados à subversão popular ou manifestações no nosso País é colocar todas as peças na mesa. Não podemos resolver uma crise política e social, dessa magnitude sem considerar a peça chave nesse cenário: Venâncio Mondlane (VM7).
Gostemos ou não, VM7 consolidou-se como um grande estratega político, em tudo quanto é canto o VM7, consegue mover grandes massas, embora não tenha sido proclamado presidente da República pelo CC. E Todas as tentativas do actual presidente, o “novo inquilino da Ponta Vermelha”, de resolver a situação não terão resultados positivos, pois as peças apresentadas até o momento (Ossufo Momade, Lutero Simango, Salomão Muchanga e Forquilha) – não se encaixam perfeitamente no nosso cenário actual e não têm a mesma relevância política de VM7. É duro, mas é necessário reconhecer: as evidências são claras. Ele não apenas mobiliza massas nas redes sociais, mas também conquista apoio em diversas partes do país e ignorar esses aspectos não é uma atitude inteligente, o povo age sob o seu comando.
Olhando para o estado actual do nosso País, o presidente Daniel Chapo deveria, na minha opinião, incluir Venâncio Mondlane nos debates interpartidários desse conflito pós-eleitoral, pois ele representa a peça fundamental para a paz social em Moçambique. Desde o fim do mandato de Filipe Nyusi, o país tem vivido um caos, uma verdadeira desordem, e não me parece que essa situação vá mudar nos próximos dias. Ao que tudo indica, o nosso país caminha a passos largos para uma situação de ingovernabilidade. Se atentarmos para o comportamento do povo, veremos que muitos acatam as ordens do VM7, enquanto isso, as autoridades e a Frelimo parecem ter perdido “poder” sobre o povo que outrora lhes votou (ironicamente).
A cada dia que passa circulam vídeos de jovens que ilustram uma verdadeira desordem, um pior que o outro, como se não houvesse lei, incendiam casas, viaturas, sobem nas portagens, bloqueiam estradas, agem como bem entendem sem medo de represálias. Pergunto-me: faz sentido governar um povo que não obedece mais às ordens de seu presidente? Será que vale a pena deixar o país se afundar ainda mais, a favor de uma falta de diálogo entre VM7 e DN Chapo?
Ademais, se o presidente Chapo não se sentar para dialogar com o “presidente do povo” (VM7), Moçambique continuará afundando em todas as áreas, politicamente, moralmente e economicamente, aqui cada um faz as suas próprias leis.
Fazendo uma pequena retrospectiva sobre a nossa história, mas precisamente no que diz respeito à conquista da nossa independência, houve negociações (diálogo) em 1974 que culminaram com a conquista da independência, o povo moçambicano sempre foi um defensor do pacifismo. Não há nada a perder em convocar um diálogo com VM7, visando encontrar soluções para a paz social. Um diálogo genuíno entre ambos resultará em benefícios para o povo e para o país como um todo. Continuar a ignorar esse diálogo ou esperar que a popularidade de VM7 acabe de forma espontânea é tão improvável quanto acreditar que 2+2 seja igual a 5.
Para que Moçambique tenha uma boa governação, precisamos primeiro de “limpar a nossa casa”. Devemos ser abertos ao diálogo, reconhecer as nossas diferenças de pensamento, mas entender que isso não deve nos tornar inimigos. O verdadeiro caminho para o desenvolvimento de nossa nação passa pela união e pelo trabalho conjunto. Moçambique tem um grande potencial para se tornar uma nação próspera. O que precisamos agora é de organizar a nossa casa, porque, afinal, não temos outro país além deste.

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