Um dos deputados dados como desaparecidos pelo PODEMOS apareceu nesta quinta-feira, 27 de Março, na Assembleia da República com o objectivo de tomar posse, mas foi impedido e orientado a aguardar com a garantia de que será contactado oportunamente para se fazer à Casa do Povo após a devida a apreciação da sua missiva. Trata-se de António Faruma, de 25 anos de idade
O Partido Optimista Para o Desenvolvimento de Moçambique, estreante no parlamento, alegou que dois dos seus deputados não compareceram à cerimônia de tomada de posse porque estavam desaparecidos, supostamente vítimas da repressão durante manifestações que contestavam os resultados eleitorais.
No entanto, a reviravolta aconteceu quando um desses parlamentares ressurgiu e tentou assumir seu cargo. António Faruma acusou o secretário-geral do partido, Sebastião Mussanhane e seu amigo Xavier José por sinal também deputado por orquestrar este esquema.
“Eu não tomei posse porque houve má-fé para mim. O meu amigo Xavier, que é membro do PODEMOS, recebeu uma informação do Secretário-geral do partido PODEMOS que no dia de posse não podia estar lá porque não fiz a campanha”, declarou Faruma, corroborando com a investigação do Evidências que apurou que, afinal, alguns dos candidatos do PODEMOS nem sabiam que quando seus nomes foram recolhidos era para concorrer a deputados, tanto é que nem sequer se preocuparam em fazer campanha.
O deputado “ora desaparecido” contou ainda que a justificativa do seu secretário não é justa porque há também membros do partido que não estiveram engajados na campanha eleitoral de 2024 mas, mesmo assim, foram empossados como deputados da Assembleia: “Não sei se esse é o motivo por que tem alguns que não fizeram campanha do partido mas estão no parlamento”.
Faruma contou, por outro lado, que estava em casa e não podia se pronunciar em relação ao assunto, mas decidiu quebrar as ordens superiores: “Eu estava em casa. Estava em casa porque foi isso que me disseram. Eu tinha que seguir as ordens dos meus superiores porque foram eles me colocaram ali. Mas com o tempo fui aprofundar mais para ver se eu tinha razão”.
Farruma acrescenta ainda que a iniciativa de proceder sem consentimento das “ordens superiores” deve-se ao facto de ter sido eleito: “Eu acompanhei tudo e fui eleito. É meu direito. E já submeti os documentos para a tomada de posse e disseram que vão-me ligar mas não disseram a data”.
Refira-se que o Evidências avançou, na sua edição, que o partido PODEMOS, ciente de que tinha poucas chances para chegar ao parlamento antes de se juntar a Venâncio Mondlane, recorreu a pessoas encontradas na rua e nos mercados para preencher o número mínimo exigido para uma lista seja considerada válida para concorrer à Assembleia da República.
Por essa razão não conseguiu localizar parte dos seus deputados eleitos para poderem tomar posse. Para além de António Faruma, outro deputado que não tomou posse é Faizal Anselmo Gabriel cujo paradeiro continua desconhecido.

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