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- Guerrilheiros montaram quartel-general na sede do partido
- Perdiz diz que há infiltrados no seio do partido com objectivo de dividir
A Renamo vive uma das piores crises desde a sua fundação. A derrota copiosa nas eleições de Outubro passado, reactivou a onda de contestação da liderança de Ossufo Momade. Depois de meses dedicando-se ao encerramento de sedes provinciais, os ex-guerrilheiros da Renamo tomaram de assalto a sede do partido para exigir a demissão do seu presidente, desaparecido há alguns meses, em que anda acometido por uma doença que o obriga a fazer consultas e tratamento regulares no estrangeiro. Reagindo, mais uma vez, ao actual clima de cortar à faca, a direcção do agora segundo maior partido da oposição no País referiu que há infiltrados cujo único objectivo é dividir. Mesmo assim, defende que os “problemas internos terão seu tempo e espaço para ser esmiuçados”.
Evidencias
Os antigos guerrilheiros da Renamo montaram um autêntico quartel-general na sua sede nacional, na cidade de Maputo, já lá vai uma semana. Esta segunda-feira, pela primeira vez abriram portas para uma equipa de jornalistas, no caso da TV Sucesso, para reafirmar as suas reivindicações, mostrar o estado da casa e deixaram escapar, sem revelar a proveniência, ter uma logística alimentar para aguentar dias, semanas ou meses.
Perante as câmaras da TV Sucesso vincaram que só irão abandonar o local e regressar às origens no dia em que Ossufo Momade colocar o seu lugar à disposição. Isso representa um endurecer do tom, dias depois de o partido ter abordado a situação em conferência de imprensa.
Na referida comunicação, o porta-voz do partido, Marcial Macome, falando a partir da parte incerta, uma vez que os membros burocráticos do partido já não têm acesso à sede, lembrou que o mesmo foi eleito democraticamente, tendo convidado os membros descontentes para um diálogo construtivo em vez de violência.
“Queremos incentivar a procura constante do aperfeiçoamento da nossa democracia interna rumo à conquista do poder político de modo a ser exercido para o bem-estar geral do nosso povo. Os moçambicanos têm sido surpreendidos com os últimos acontecimentos dentro do nosso País e no partido caracterizados por actos de violência que culminam com o encerramento de algumas delegações e da própria Sede Nacional. São actos não comuns na nossa sociedade, mas que devemos aprender a conviver com eles. O Papa Francisco numa das suas homílias dizia: A Guerra é sempre uma derrota, ninguém sai vitorioso; e todas as guerras terminam na mesa de negociações. Por que não começar o diálogo construtivo, organizado e humanizado no lugar da violência dentro do partido?”, questionou.
O porta-voz da Renamo não tem dúvidas de que há infiltrados dentro do partido cujo principal objectivo é dividir. Aliás, Marcial Macome referiu que os infiltrados são provenientes do partido no poder.
“O nosso partido é patrono da democracia multipartidária e das liberdades fundamentais como supracitámos. Com estas palavras pretendemos apelar à calma, à ponderação e respeito aos órgãos do partido. O poder deve ser conquistado com recurso a meios pacíficos e democráticos. Ainda estamos na ressaca das fraudes eleitorais sucessivas e não devemos permitir que aqueles que nos roubaram se infiltrem no nosso meio com o objectivo de dividir para reinar”, destacou.
Ainda se esmiuçando da crise que o partido atravessa na sequência da derrota averbada nas últimas eleições, Macome garantiu que os problemas internos terão tempo e espaço para a sua resolução.
“Alguma agenda inconfessável tem sido ensaiada no nosso seio, para alguns distraídos isso é confundido com os nossos problemas internos. Os nossos problemas internos terão o seu tempo e espaço para ser esmiuçados”, concluiu.

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