Crise de dívidas leva Emirates a restringir emissão de bilhetes em Moçambique

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A companhia aérea Fly Emirates acaba de anunciar a desactivação imediata de todos os bilhetes emitidos por agentes de viagens moçambicanos, uma medida que entrou em vigor a 13 de Outubro de 2025 e que evidencia as pressões da crise de dívidas que o país enfrenta e que o Banco Central procura minimizar.

Evidências

O aviso, assinado por Abdul Denurmahomed, Customer Sales & Service Team Leader da Emirates, foi remetido a parceiros locais informando que qualquer alteração ou reemissão de bilhetes só poderá ser efectuada pela ER Aviation, representante oficial (General Sales Agent) da Emirates em Moçambique.

“As reemissões de bilhetes passam a ser feitas exclusivamente pelo escritório da GSA em Maputo. Qualquer aprovação deve ser previamente obtida junto da Emirates”, refere a nota.

A decisão surge num momento em que Moçambique enfrenta uma severa escassez de divisas estrangeiras, dificultando o repatriamento de receitas das companhias aéreas internacionais. Segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), o País figura entre os que mais retêm receitas de bilhetes (“blocked funds”) em África, com um total estimado de 205 milhões de dólares presos no sistema financeiro nacional até Abril de 2025.

O sector turístico, que já vinha fragilizado pela pandemia e pela insegurança no Norte do País, poderá enfrentar novos constrangimentos logísticos e financeiros.

Esses factores comprimem as reservas cambiais, tornando cada vez mais difícil assegurar liquidez para importações e transferências internacionais — cenário que afecta directamente os sectores aéreo, energético e farmacêutico.

Segundo o Banco de Moçambique, as reservas internacionais líquidas caíram cerca de 9% entre Janeiro e Agosto de 2025, sinalizando o aperto financeiro que levou a medidas de contenção e controlo rigoroso de divisas.

Especialistas alertam que outras companhias internacionais poderão seguir o mesmo caminho se o cenário cambial persistir. A Airlink, Qatar Airways e South African Airways também enfrentam dificuldades semelhantes no repatriamento de fundos, o que ameaça reduzir a conectividade aérea de Moçambique e encarecer as tarifas para passageiros locais.

A decisão da Emirates é mais do que uma medida administrativa: é um reflexo directo da fragilidade macroeconómica do País, marcada por endividamento crescente, reservas em declínio e fuga de capitais.

Enquanto o governo procura estabilizar o metical e retomar a confiança dos mercados, as empresas estrangeiras ajustam-se para garantir a sua sustentabilidade num ambiente de incerteza financeira.

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