Empresários admitem impacto negativo e pedem retoma da mineiração em Manica

DESTAQUE ECONOMIA
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A Federação de Desenvolvimento Empresarial de Moçambique (FDEM) manifestou-se, esta quinta-feira, em Maputo, sobre a recente decisão do Governo de suspender as atividades de todas as empresas mineradoras na província de Manica, uma medida tomada devido à poluição ambiental, sobretudo dos rios da região.

Segundo o presidente da Assembleia da FDEM, Jorge Chacate, a organização entende a decisão governamental como necessária para conter a degradação ambiental, mas defende a retoma gradual das operações, de forma sustentável e sob supervisão rigorosa.

“A nossa iniciativa visa não só defender a retomada sustentável das empresas mineiras, mas também salvaguardar os interesses das empresas de engarrafamento de água mineral, areeiros e pedreiras que foram afetadas pela medida, conciliando a produção com a preservação ambiental e a manutenção de empregos”, afirmou Chacate.

Durante a missão de avaliação realizada em Outu, a FDEM analisou as condições de nove empresas de extração em rocha dura. O relatório constatou que a poluição visível dos rios de Manica é causada principalmente pela mineração aluvionar, sendo que as operações de rocha dura representam menor risco ambiental.

De acordo com a federação, cerca de 1.700 trabalhadores estão ameaçados de perder os seus empregos caso a suspensão se prolongue. Por isso, o órgão apresentou ao Governo um conjunto de propostas para equilibrar a proteção ambiental com a recuperação da economia local.

Entre as medidas destacam-se: Levantamento imediato da suspensão para empresas de engarrafamento de água, areeiros e pedreiras, por terem impacto ambiental reduzido; Retomada das operações mineiras de ouro, com um período de graça de 180 dias (06 meses) para regularização documental;Proibição total e permanente do uso de dragas nos rios, principal fonte da poluição das águas; Autorização controlada das empresas de rochadura que apresentem boas práticas ambientais, mediante supervisão do Governo e por ultimo a “Reabilitação dos solos e construção de sistemas de reciclagem de água, além do cumprimento das obrigações de responsabilidade social, como a abertura de furos de água para as comunidades afetadas.

A FDEM defende ainda a regulamentação do garimpo artesanal, por reconhecer que esta atividade constitui meio de subsistência para várias famílias, mas deve ocorrer de forma organizada e em áreas delimitadas.

Por sua vez, o presidente da FDEM, Lineu Candieiro, reconheceu que houve poluição significativa provocada por empresas de mineração aluvionar e por garimpeiros mecanizados que operam nos rios, mas destacou que as empresas de rochadura têm impacto ambiental mínimo.

“Verificámos que o nível de poluição dessas empresas é de 2 a 3%. Não podemos dizer que é zero, mas é insignificante. Por isso pedimos o levantamento da suspensão dessas atividades menos poluentes”, disse Candieiro.

Candieiro acrescentou que a federação pretende colaborar com o Governo para garantir que as empresas cumpram a lei ambiental e reforcem a responsabilidade social, incluindo “a abertura de dez furos de água nos distritos mais afetados pela suspensão”.

“Advogamos pelos negócios e pela economia, mas também temos preocupação com o meio ambiente e com a população moçambicana. Queremos uma província e um país ambientalmente saudáveis”, concluiu.

Enquanto isso, Chacate reitera que o desafio de Manica é redefinir um modelo de exploração mineira “responsável, sustentável e socialmente justo, baseado na cooperação entre o Estado, o sector privado e as comunidades locais” para transformar a atual crise ambiental numa oportunidade de reforma e boa governação dos recursos naturais.

 

 

 

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