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- Moçambique reforça o seu compromisso contra a desnutrição
- Nova política multissectorial quer acelerar o caminho rumo ao ODS 2: Fome Zero até 2030
Num momento em que mais de 1,49 milhões de moçambicanos enfrentam insegurança alimentar, o Governo deu um passo importante rumo à erradicação da fome e da desnutrição. Nesta sexta-feira, 20 de Junho de 2025, foi oficialmente lançada a Política e Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (PESAN), um instrumento multissectorial ambicioso que visa acelerar o progresso rumo ao Objectivo de Desenvolvimento Sustentável número 2: Fome Zero. A cerimónia, que teve lugar em Maputo, reuniu representantes do Governo, sociedade civil, academia, Nações Unidas e parceiros de desenvolvimento, reflectindo o carácter inclusivo da nova estratégia.
A PESAN apresenta sete pilares e cinco directrizes estratégicas, alinhadas a uma estrutura de coordenação nacional, provincial e distrital, com monitoria baseada num modelo tripartido e define metas claras a serem alcançadas até 2030, como reduzir a desnutrição crónica infantil para menos de 30%, diminuir a prevalência de anemia em mulheres em idade fértil para menos de 25% e conter o sobrepeso infantil em menos de 2,5%.
Além disso, a política enfatiza o reforço das capacidades institucionais, o empoderamento das comunidades e a integração da nutrição nos planos económicos nacionais, provinciais e distritais.
Na sua intervenção, o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Mito, destacou a segurança alimentar e nutricional como uma prioridade estratégica do Governo.
“A segurança alimentar e nutricional é um direito humano essencial e um pilar estratégico do desenvolvimento agrário. Entre Agosto e Outubro de 2024, mais de 1,49 milhões de moçambicanos enfrentaram insegurança alimentar. Precisamos de uma resposta resiliente e coordenada, com todos os sectores a bordo”, afirmou o ministro, sublinhando a necessidade de uma abordagem baseada em evidências e ancorada na acção multissectorial.
O ministro sublinhou ainda que a nova política vem corrigir lacunas estruturais anteriores, com foco na resiliência comunitária, no aumento da produção diversificada e nutritiva, na melhoria dos sistemas alimentares e na garantia de acesso equitativo a alimentos seguros e adequados.
A secretária executiva do SETSAN, Judite Mussacula, reiterou o carácter participativo do processo de formulação da PESAN e a robustez da sua estrutura de implementação.
“A PESAN é fruto de um processo participativo envolvendo governo, sociedade civil, academia, Nações Unidas e parceiros de desenvolvimento. A nova política estabelece sete pilares e cinco directrizes estratégicas, sustentadas por uma estrutura de coordenação nacional, provincial e distrital, com sistema de monitoria tripartida”, explicou Mussacula, acrescentando que o instrumento será fundamental para garantir uma abordagem coerente e eficaz na luta contra a fome e a desnutrição.
A responsável realçou ainda a importância da articulação entre os sectores da agricultura, saúde, educação, protecção social e abastecimento de água e saneamento, como chave para alcançar resultados sustentáveis.
O lançamento da PESAN também foi uma oportunidade para reconhecer os avanços obtidos até aqui e os desafios que persistem. Representando o Fórum dos Parceiros de Nutrição, Yannick Brand, da UNICEF, destacou as melhorias nos indicadores nacionais, mas alertou para as desigualdades regionais.
“Moçambique fez progressos notáveis: a desnutrição aguda caiu para menos de 2,5% e a crónica passou de 43% em 2011 para 37% em 2022. O desafio agora é acelerar o progresso, especialmente no Centro e Norte do país, onde quase metade das crianças ainda sofre de desnutrição crónica”, afirmou Brand.

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