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Aparecer só nas vitórias e a táctica de governar pelos números

OPINIÃO

Por: Reginaldo Tchambule

A lei da natureza é clara: os mais fortes sobrevivem. Entretanto, alguns animais conseguem burlar essa máxima. Sabendo que são frágeis e não sobreviveriam se confrontados por espécies predadoras, eles desenvolveram a capacidade do mimetismo, que é a capacidade de esconder ou camuflar-se diante de qualquer perigo, para, logo depois, emergirem e continuarem a sua vida.

É exactamente assim como alguns dirigentes deste país vivem. Os mais espertos sobrevivem. Escondem-se por detrás de resultados esporádicos e números redondos, que no fim ao cabo não tem nenhuma base de sustentação. Estão sempre à busca de protagonismo e se esquecem de criar as bases para um sucesso sério e duradouro.

Depois de muito tempo camuflado, cabisbaixo e remetido ao seu recôndito esconderijo, depois da eliminação dos Mambas, Feizal Sidat emergiu como a Fénix. Nem parece a mesma pessoa que depois da derrota dos Mambas saiu do estádio sem tecer qualquer reacção e, inclusive, fugiu aos holofotes para não responder às questões dos jornalistas a quem, em ocasiões anteriores, tem sido afável. Que o diga o nosso mano Alfredo Júnior, que teve de se contentar em vê-lo pela janela do carro, com uma mão tapando o rosto, antes de ordenar a marcha do carro que o evacuou.

Foi assim também quando os mambinhas não lograram resultados positivos no CAN. Sidat camuflou-se e esqueceu-se que quando carimbaram o passaporte para aquele certame, buscou fôlego aos deuses para carregar a Taça de Port Elisabeth, na África do Sul, até à Ponta Vermelha, em Maputo, sem aceitar partilhar com ninguém. Os putos que soaram por ela tiveram de mendigar. Anulou, inclusive, o capitão dos mambinhas.

Contudo, bastou somente somarem um pleno de derrotas na Mauritânia para o CAPITAU, como ficou baptizado, desaparecer. Andou cabisbaixo e, assim, se manteve até o passado Sábado, quando finalmente teve mais um motivo para inflamar o ego: a qualificação da selecção nacional de futebol de praia. Voltou a falar à imprensa e celebrou aquele feito como se não fosse mais uma obra do acaso, que veio premiar o talento individual dos jogadores.  É como se aquilo fosse resultado de trabalho e organização.

Mas Sidat não é um caso isolado. Temos uma sociedade feita de gente que celebra a incompetência, que esquece tudo a cada resultado esporádico. Temos uma sociedade que gosta de ser lançada arreia aos olhos.

Por isso, diariamente, políticos mafiosos nos bombardeiam com números e estatísticas que não reflectem a realidade e, estamos lá… incautos, como sempre. Há quem aplaude e replica. São apenas números.

Falando em números, lá na parcela do país que estão em 2041, voltaram a inventar novos números. E não é que conseguiram captar a atenção do sempre atento, Marcelo Mosse, que, com toda sua mania, tratou de alertar que o número de passageiros esperados no mais esperado “elefante branco” de Gaza desafia toda a ciência dos números.

Afinal, 220.000 passageiros por ano, que o governo prevê que anualmente poderão sair e chegar a Gaza, por via daquele aeroporto, seriam só possíveis se seis aviões boeing 737 com lotação esgotada todos os dias cruzassem os céus da terra de Ngungunhane. Mas, enfim, são números de Gaza e ninguém se importa. Naquele paraíso, estão no futuro e podem estar a operar a Aibuses de muitos andares, provavelmente comprados com dinheiro do gás de Rovuma. Quem sabe, os insurgentes para eles é só assunto do passado que nós chamamos de presente.

Para quem anda atento, aquele disparate,… quis dizer aquela disparidade, revela que somos governados tão-somente por números. Quando se sai do mundo dos números para a realidade, o que se vê é puramente chocante. Não se precisa atravessar as cercanias de Maputo para perceber que há gente ainda a viver de forma primitiva. Há gente aqui perto, em Moamba, Magude, Matutuine, que não sabe o que é água potável, que disputa fontes de água com bovinos e, se não tiverem sorte, com animais selvagens.

Mas, todos os anos, o Ministro Maleiane anuncia números fabulosos. Que o digam as famílias mais carenciadas deste país, cujos nomes e números de Mpesa enfeitaram relatórios dos doadores como beneficiários do fundo de apoio às famílias para fazer face aos efeitos da Covid-19. Só agora, quase um ano depois, é que alguns sortudos foram bafejados com algumas gorjetas. Organizem-se

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