No mês que em o país assinala o segundo ano desde a assinatura do Acordo de Paz Efetiva, os sucessivos falhanços do processo de Desmobilização, Desmilitarização e Reintegração (DDR) tendem a questionar a seriedade dos envolvidos no processo. Além dos prazos, condicionados pelos desembolsos dos doadores, há perto de mil homens da Renamo que aderiram o processo do DDR, mas que não estão a receber suas pensões há cinco meses. A falta de pagamento compromete também os projectos dos desmobilizados, que deveriam ser financiados no âmbito do DDR.
“Este processo para mim é uma pedra no sapato. Isto porquê? Porque no dia da desmobilização, apareceu o Presidente da República (Filipe Nyusi) e o líder da Renamo, que é o nosso presidente, confirmaram tudo para nós e nós ficamos satisfeitos. Mas por enquanto não é oque estamos a ver, muito mais na parte da reintegração”, referiu Janito Muaga, um ex-guerrilheiro que falava em Sofala, distrito de Dondo, numa reunião dirigida pelo secretário geral, André Magibiri, onde mais ex-guerrilheiros manifestaram o seu descontentamento face aos problemas que se verificam no processo do DDR.
“Os combatentes, todos os desmobilizados do Rovuma ao Maputo, não somente estes. Estes apenas são representantes de tantos outros que estão nesta situação, que não estão a receber as suas pensões”, assumiu Magibire que exigiu as Nações Unidas a cumprir com o previsto.
“A primeira proposta é que as Nações Unidas, através do seu representante, Embaixador Mirko Manzoni, deve retomar o pagamento dos seus subsídios, por um prazo indeterminado, até que as pensões dos desmobilizados sejam regularizadas”.
Os projectos que deviam ser financiados para o processo de reintegração, incluindo terras para o reassentamento, segundo os desmobilizados, não estão a ser implementados.
“Lá no mato, nas bases, comiam bem. Embora houvesse proibição de matar gado, mas comia-se carne a vontade. Peixe comia-se bem. E tinham as suas machambas. Agora que foram desmobilizados, estão a passar muito mal”, referiu Cristóvão Soares, outro demobilizado.
A Sociedade Civil tem estado a questionar a sustentabilidade do processo que já abrangeu 2.600 ex-guerrilheiros, dos mais de cinco mil previstos.
Na semana passada, 06.08, completaram-se dois anos depois desde assinatura do Acordo de Paz Efetiva, que encontra no processo do DDR a sua materialização plena, no entanto, o processo tem falhado continuamente por falta de recursos financeiros prometidos pelos doadores, que estão a afetar os prazos. A margem deste processo, existem a Junta Militar, liderado pelo Marino Nhongo, que também é uma ameaça ao DDR.
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