Por: Afonso Almeida Brandão
“A única coisa a temer é o próprio medo.”
— Franklin D. Roosevelt(1933)
Há um velho ditado na Walt Street que afirma que o mercado é movido apenas por duas emoções: o medo e a ganância. Embora um pouco redutor, o ditado pode muitas vezes ser verdade. Sucumbir a estas emoções pode terum efeito profundo e nocivo nos portfólios dos investidores e no próprio mercado accionista.
Embora a compreensão do investimento em si seja fundamental para estabelecer a sua própria estratégia de investimento, é igualmente importante compreender a influência do medo e da ganância nos mercados financeiros.
A influência da ganância
Muitas vezes os investidores são agarrados pela ganância. Afinal de contas, todos nós temos o desejo de adquirir o máxino de riqueza possível no mais curto espaço de tempo. O boom das Tecnológicas no fim dos Anos 90 é um exemplo perfeito. Na altura, qualquer negócio com extensão configurava-se como uma oportunidade de ouro para o investidor. Tornou-se uma autêntica febre.
A ganância dos investidores alimentou ainda mais ganância, levando a uma grosseira sobrevalorização dos activos, o que criou a famosa bubble das tecnológicas, que rebentou em meados de 2000 e continuou a depreciar os índices ao longodo ano 2001.
Esta mentalidade de enriquecimento fácil e rápido dificulta a manutenção dos ganhos e de um plano de investimento baseado no longo prazo, particularmente no meio deste frenesim de “exuberância irracional”. É nestas alturas que se torna crucial conservar a disciplina e mantermo-nos focados nos fundamentos-base do investimento, tais como manter um horizonte de longo prazo e evitar o “contágio da última moda”.
A influência do medo
Tal como o mercado pode ser arrebatado pela ganância, o mesmo pode acontecer com o medo. Quando as acções sofrem grandes perdas por um largo período de tempo, o mercado pode ficar mais receoso de suportar mais perdas. Mas ser-se demasiado receoso pode sair tão caro quanto ser-se demasiado ganancioso.
Tal como a ganância dominou o mercado durante o boom das tecnológicas, o mesmo pode ser dito da prevalência do medo que sucedeu à sua derrocada. Numa tentativa de estancar as perdas, os investidores depressa se retiraram das acções na busca de produtos menos arriscados. Foi a época áurea do mercado obrigacionista, com o ano 2002 a marcar uma das maiores movimentações de capitais para este sector de investimento de baixo risco mas também de menor rendibilidade.
Este êxodo massivo do mercado accionista demonstra o completo desrespeito pela premissa do investimento a longo prazo. Os investidores deitaram a perder toda a sua estratégia, porque tiveram medo de suportar maiores perdas. É certo que é um duro golpe perder uma larga quantia do valor da carteira de acções. Mais duro ainda é pensar que o novo instrumento de investimento tem poucas probabilidades de reconstruir essa riqueza perdida.
O binómio medo-ganância está intimamente relacionado com a volatibilidade inerente ao mercado accionista. Quando os investidores perdem a sensação de conforto e segurança devido a fortes perdas ou instabilidade dos mercados, ficam vulneráveis a estas emoções, o que resulta, muitas vezes, em erros muito dispendiosos. Como gestor do seu próprio portfólio de investimento é-se responsável pelos ganhos e perdas. Manter-se fiel a decisões de investimento sensatas e controlar as emoções quer seja o MEDO quer seja a GANÂNCIA, e não seguir cegamente o Mercado é crucial para o sucesso do investimento e manutenção da estratégia de longo prazo.
(Dedico esta crónica ao colaborador Teodósio Camilo
pela sua dedicação, análise e conhecimento, ao
abordar e trazer a público temas oportunos
relacionados com a Economia Nacional)
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