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Ossufo Momade assume ter sido enganado pelo Governo e revela que DDR está estagnado

“Não podemos enganar o povo moçambicano, dizermos que (o DDR) está a andar, enquanto não está a andar”. Foi com estas palavras que o presidente da Renamo, Ossufo Momade, desvendou os contornos de um problema que até aqui as partes tentavam gerir em surdina. A verdade, porém, é que o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) da força residual da Renamo está estagnado e, segundo o líder da perdiz, o governo não está a cumprir nenhuma das suas obrigações constantes do Acordo de Paz de Maputo.

Reginaldo Tchambule

Só para se ter uma ideia, ainda não foi cumprido cabalmente o enquadramento de ex-guerrilheiros na polícia, os desmobilizados não estão a receber subsídios e pensões há meses e os 36 agentes oriundos da Renamo, recém-graduados para a polícia, depois de serem apresentados e exibidos como troféus numa cerimónia presidida pelo Presidente da República, em princípios de Dezembro, foram dados férias, com promessa de retomarem no dia 15 de Janeiro passado, mas até hoje, passados dois meses, não foram chamados e nem sequer recebem os subsídios.

De parceiro próximo de Filipe Nyusi, Ossufo Momade virou um autêntico poço de lamentações, denunciando o que poderá ter sido um mau acordo e uma machadada final à própria Renamo. Afinal, por detrás dos discursos bonitos e números redondos sobre o processo do DDR esconde-se uma triste realidade.

Na verdade, tirando a entrega de armas e o cadastro dos ex-guerrilheiros, pouco ou nada avançou no processo do DDR. No último Domingo, após ser interpelado pela imprensa à margem da sua visita de trabalho à Província de Nampula, o presidente da Renamo, Ossufo Momade, acusou o executivo de Filipe Nyusi de não ter boa vontade para cumprir com o que foi acordado.

“Em relação ao DDR , o processo está a acontecer, mas nós gostaríamos de convidar o Governo para que pudesse cumprir com a sua parte, porque nós estamos a lutar para que tenhamos paz em Moçambique. O governo da Frelimo que pudesse também mostrar a boa vontade que nós temos hoje, porque se uma parte está a cumprir e outra parte está a deixar de cumprir estamos a violar o que foi acordado na mesa de negociação”, disse.

Questionado sobre o que está a falhar, Ossufo Momade foi peremptório, referindo que “está a falhar na medida em que os 36 elementos que foram integrados na Polícia da República de Moçambique, depois de treinos, foram dados férias e tinham sido prometidos que até dia 15 estariam de regresso para as suas unidades, mas até hoje nem subsídio têm, enquanto estão na folha da PRM. Qual é o papel do Ministério? Estão a brincar connosco”, lamentou.

Outro aspecto que inquieta a liderança da Renamo é o facto de o governo não estar a assumir como sua obrigação a integração social dos desmobilizados da Renamo, fazendo com que grande parte dos ex-guerrilheiros continue sem receber as suas pensões.

“Aquilo que foi acordado na mesa é que os desmobilizados da Renamo estariam enquadrados na Polícia, o que não está a acontecer. Nós estamos preocupados. Depois de amanhã (hoje) terei um encontro com a comunidade internacional, isto é, o grupo de contacto, porque é uma grande preocupação”, disse Momade.

Prosseguindo, o presidente da Renamo, que vem sendo acusado de ter assinado um acordo frágil e bastante armadilhado, agora assume que: “não podemos enganar o povo moçambicano, dizermos que (o DDR) está a andar, enquanto não está a andar”.

Segundo Ossufo Momade, o terceiro ponto que está a ser violado é em relação aos subsídios, porque do último encontro que  teve com o chefe do grupo de contacto e representante pessoal do secretário-geral da ONU, Mirko Manzoni, este prometeu que até o mês de Dezembro seria retomado o processo de alocação de subsídios aos guerrilheiros da Renamo que não haviam ainda sido contemplados.

“Até a data de hoje, esse é um problema sério. Aqueles que não recebem o seu subsídio pensam que o presidente da Renamo é cúmplice, mas eu estou a trabalhar dia e noite para que os desmobilizados tenham os seus direitos”, denunciou Ossufo Momade, no fim da sua visita de trabalho ao distrito de Mossuril, província de Nampula, onde esteve por dois dias.

Momade quer mais trabalho nos municípios governados pelo seu partido

Durante a sua visita de trabalho a Nampula, Ossufo Momade apelou, no último Sábado, aos presidentes dos Municípios governados por aquele partido da oposição, naquela província, para que redobrassem esforços com vista a melhor servir os munícipes.

Momade, que falava num comício popular na localidade de Matibane, acompanhado pelos edis de Nampula, Nacala, Ilha de Moçambique e Angoche, exigiu maior responsabilidade na nobre missão de servir o povo.

“Os resultados do vosso trabalho são visíveis, mas queremos muito mais para darmos melhores condições de vida aos nossos cidadãos, porque esta é a nossa missão”, disse.

O Presidente da Perdiz disse ainda que o pouco tempo que sobra para o fim do mandato é para redobrar esforços, dando exemplos de boa governação.

“Está claro que os municípios por nós governados são os que mais registam melhores resultados, daí que o povo irá, certamente, apostar nas nossas listas em muito mais autarquias nas próximas eleições de 2023”, considerou aquele político.

“Aquele que ainda tinha dúvidas da capacidade da RENAMO em governar o país, pode hoje ver os resultados alcançados nos municípios por nós governados”, acrescentou.

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