Matola é berço da primeira academia de guarda-redes do país

DESPORTO
  • Uma iniciativa do Guarda-redes do Matchedje de Maputo

Um sonho tornado realidade, é assim como descreve a Academia de Formação de Guarda-Redes do Futuro (AFGF), por sinal a primeira no país que dedica exclusivamente a formação de guarda-redes. Além de passar lições sobre como se posicionar entre os postes, Piodozio Magono, patrono da academia, deseja igualmente contribuir na formação do homem do amanhã. Ao Evidências, Magono contou que o sonho de criar a primeira academia de guarda-redes em Moçambique nasceu no processo da elaboração da sua monografia na Escola de Sargentos das Forças Armas de Boane. Por outro lado, com este projecto, diga-se, inovador, Piodozio Magono, que actualmente defende a baliza do Matchedje de Maputo, almeja criar uma nova identidade do guarda-redes moçambicano.

No princípio parecia um projecto que não tinha pernas para andar, mas o tempo fez questão de dissipar todas as dúvidas sobre a Academia de Formação de Guarda-Redes do Futuro (AFGF). Piodozio Magono foi quem desenhou o projecto, mas considera que o mesmo é de todos os moçambicanos.

“É um projecto sonhador, é um projecto que foi desenhado em 2016 quando estava na Escola de Sargentos das Forças Armadas de Boane. Desenhei este projecto para ser a minha monografia, mas os tutores não aceitaram porque não englobava muito a parte militar, só falava apenas da formação de guarda-redes. Queriam um tema que englobasse o militarismo. Por isso acabaram me dando outro tema. Este é um projecto sonhador, é meu e de todos moçambicanos. Já estou a implementar, comecei em 2016 e implementei em 2019”.

Muitas foram as dificuldades que Magono enfrentou para instalar a academia no bairro Infulene, arredores do município da Matola. Mesmo sem material suficiente, Magozo continua empenhado em formar os guarda-redes do amanhã.

“As dificuldades são imensas, os miúdos não têm material. Treinam descalços, apenas só tem equipamento e luvas. As bolas são cinco e algumas delas já estão danificadas. Já tentei bater as portas em alguns empresários e algumas direcções, mas prometem e essa promessa um dia vai chegar”, declarou o patrono da academia, para depois acrescentar que antes da baliza os miúdos devem priorizar os estudos.

“Em primeiro lugar vem a educação e a humildade porque são crianças sonhadoras. Agora estão aqui como guarda-redes, mas dentro da mente deles pode aparecer outras opções futuramente, porque o nosso futebol, quando o atleta não tem acompanhamento, vai em decadência. Primeiro, incuto a eles a educação e humildade, por isso todos que treinam nesta academia vão escola”.

Ainda no activo, Piodozio Magono defende actualmente as redes do Clube Desportivo Matchedje de Maputo. Para além da vontade de ajudar o clube militar a voltar ao convívio dos grandes do futebol moçambicano, Magono almeja formar guarda-redes que vão fazer história a nível nacional e internacional.

“Sou um guarda-redes no activo, que sonha em formar guarda-redes do futuro e tenho a certeza que vou forjar guarda-redes que vão fazer história em Moçambique, que vão representar os nossos clubes e jogar além-fronteiras. Já estou a receber solicitações de alguns clubes, mas não posso entregar por entregar, tem de haver uma compensação porque tenho feito sacrifício para garantir lanche e transporte de alguns miúdos”.

“Mesmo com as dificuldades não vou desistir, por mais que treine com uma bola”

A Academia de Formação de Guarda-Redes do Futuro clama urgentemente pelo apoio. Apesar das dificuldades que tem enfrentado no presente, Magono continua firme no sonho de forjar guarda-redes do amanhã. A fonte acredita que o empresariado nacional conhece as dificuldades da academia e abre as portas para quem quiser abraçar o projecto.

“Não sinto estigmatizado por não me doarem material. Eles conhecem as minhas dificuldades e de longe sabem quais são as minhas necessidades. Quando não se aproximam não tenho onde ir reclamar porque fui eu quem desenhou o projecto. Para os que querem abraçar o projecto, as portas estarão sempre abertas. Não fico apenas a reclamar, vou trabalhando com o que tenho. No futuro creio que terei pessoas dispostas a ajudar. Mesmo com as dificuldades não vou desistir, por mais que treine com uma bola, se não tiver bola prefiro fazer uma de trapos para continuar a treinar os meus meninos”.

Se por um lado, a Academia de Formação de Guarda-Redes do Futuro pretende criar uma identidade do guarda-redes moçambicano. Por outro, observa que muitos não percebem o verdadeiro papel do guarda-redes dentro do rectângulo do jogo.

“Valorizo o trabalho de todos os guarda-redes. A posição que ocupamos não é uma posição fácil. É uma posição que com um pequeno erro te apontam o dedo, mas esta academia veio para melhorar e eliminar estas situações para criar a nossa própria identidade. A partir de hoje, o guarda-redes terá uma identidade em Moçambique, as pessoas terão noção do que é ser guarda-redes. Muitos não percebem o que é ser guarda-redes, pensam, simplesmente, que é o defensor da baliza, mas não sabem que é o protector de uma casa”.

No futuro, Piodozio Magono deseja fazer uma inovação no futebol moçambicano, ou seja, exigir que todos os guarda-redes façam uma reciclagem na Academia de Formação de Guarda-Redes do Futuro, sendo que, para tal, pretende firmar acordos com as entidades que gerem o futebol a nível nacional e internacional.

“Eu sonho alto e tenho a certeza que vou fazer história. No futuro, todo o guarda-redes moçambicano no clube ou na selecção terá que fazer uma reciclagem na academia para poder receber um diploma que ilustra que fez uma capacitação na academia. Futuramente, não vamos aceitar que os clubes recebam guarda-redes que não passaram da formação. Vamos exigir que todos os guarda-redes tenham passado pela academia.

No presente, a Academia de Formação de Guarda-Redes do Futuro tem feito das tripas coração para formar os futuros defensores das redes do futebol nacional. Para dar seguimento ao seu trabalho, Magono insta “ao governo e a sociedade em geral para abraçarem este projecto inovador que veio fazer a diferença em Moçambique”.

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