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Estudantes marcham contra os raptos na Beira

Dois dias após o rapto de uma estudante na Beira, centenas de pessoas, entre os quais estudantes, docentes e familiares da vítima, marcham naquele ponto do país em protesto contra o recrudescimento daquele tipo de crime, que tem como alvos preferenciais famílias de empresários, sobretudo de origem asiática.

Jossias Sixpence- Beira

À semelhança da manifestação pacífica que decorreu no ano de 2020, onde vários empresários decidiram também encerrar os seus estabelecimentos comerciais por três dias consecutivos em protesto contra os raptos, a cidade da Beira, a segunda mais flagelada depois de Maputo, volta a mostrar um grande sinal contra aquele tipo de crime.

No último Sábado, centenas de pessoas juntaram-se a uma iniciativa de estudantes contra os raptos, apenas dois dias depois dos malfeitores armados terem raptado a filha de um dos empresários renomados da cidade, nas imediações de um estabelecimento de ensino superior em plena luz do dia.

A manifestação partiu da praça dos professores até a praça 3 Fevereiro, por sinal nas imediações de onde ocorreu o último rapto, protagonizado por quatro indivíduos munidos de uma pistola.

“Cada um de nós vive aterrorizado, apavorado e desassossegado, temendo pela nossa vez. Na comunidade estudantil, questionamo-nos quem é o próximo, não quem é o culpado”, referiu Sayfallah Karim, representante dos estudantes na marcha que juntou também professores e empresários.

Por sua vez, o representante de docentes chama atenção e problemas ao longo prazo que podem advir enquanto o governo não tomar em consideração, porque a instabilidade que o país pode viver poderá resultar na desistência de vários investidores.

Nos últimos meses, o SERNIC tem apresentado alguns “pés descalços” como raptores, mas a acção não para. Segundo uma testemunha do último rápto, enquanto as duas colegas caminhavam lentamente, uma viatura ligeira, com quatro ocupantes, aproximou-se delas e, já imobilizada, saíram dois indivíduos.

“Um deles correu para junto da vítima e começou a arrastá-la para o interior da viatura. O outro raptor, que empunhava uma arma, ameaçava todo aquele que tentasse socorrer a raptada, e depois saíram em alta velocidade”, explicou a testemunha.

A colega da vítima explicou: “um senhor de raça negra, de cabelos curtos, de calções”, por sinal um dos raptores, que estava armado, “segurou-me no braço e fez esforço para eu não movimentar a minha mão que tinha o celular, quando acabou por apontar a arma para mim. As pessoas, que estavam nos arredores, aproximaram-se para tentar socorrer-me, mas todas foram ameaçadas e recuaram. De repente, ouvi a minha colega a gritar ‘socorro’ e a chamar por mim. Olhei para si e vi um senhor a arrastá-la para a viatura da qual tinham descido. Aquele que estava a segurar-me correu para o carro, ajudou o outro e saíram em alta velocidade”.

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