Mais uma vez entre os piores: Moçambique só está atrás da Ucrânia no Índice Global de Paz

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Em meio a azáfama nacional após a eleição do país para o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), Moçambique teve uma das maiores quedas no Índice Global de Paz, para a 122.ª posição em 163 países, segundo a análise do Instituto de Economia e Paz (IEP).

Segundo o estudo, Moçambique caiu 11 lugares, a segunda queda mais alta no indicador de protecção e segurança, atrás apenas da Ucrânia, país invadido pela Rússia a 24 de Fevereiro e que está a ser dilacerado com grande artilharia, havendo já algumas cidades completamente destruídas e ou ocupadas.

A queda de Moçambique fica a dever-se ao terrorismo, que resultou num aumento do número de refugiados, de manifestações violentas e de terror político.

“No entanto, o impacto do terrorismo melhorou e as mortes por conflitos internos também reduziram“, notou o fundador e diretor do IEP, Steve Killelea, que atribuiu o progresso à colaboração de Maputo com o Ruanda e a Comunidade Africana de Desenvolvimento no combate ao Estado Islâmico.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, a norte, junto à Tanzânia, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.

Pelo contrário, Angola subiu 14 lugares no Índice para 78.º lugar devido a melhorias na redução de manifestações violentas, do impacto do terrorismo, e melhoria das perceções sobre a criminalidade, embora registe um forte custo económico da violência no país.

“Mostrou também um compromisso maior com o financiamento de [missões de] manutenção da paz e reduziu os gastos com as forças armadas como percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] e importou menos armas”, salientou Killelea, em declarações à agência Lusa. (LUSA)

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