A guerra entre o Conselho Municipal de Maputo e os vendedores do (novo) Mercado do Peixe está longe do fim, uma vez que estes últimos entendem que a edilidade da capital moçambicana usurpou o espaço para interesses econômicos de um restrito de pessoas. Os queixosos observam que o Conselho Municipal de Maputo usou a desculpa do ordenamento territorial e reassentamento no novo mercado para não os indemnizar
Os vendedores do Mercado de Peixe fizeram valer o artigo 51 da Constituição da República e voltaram a rua para expressar o seu descontentamento contra a usurpação do espaço onde estava instalado o antigo mercado, as condições exploratórias e abusivas que tem sido alvo no novo Mercado do Peixe.
Bem equipados e munidos dísticos e cartazes, os vendedores conseguiram cumprir com o horário marcado para início da manifestação. Entretanto, tal como tem sido apanágio em Moçambique, foi destacado um forte contingente policial armado até os dentes para intimidar os manifestantes.
Segundo o que o Evidências acompanhou no local, as autoridades da lei e ordem informaram aos manifestantes que estes deviam marchar em silencio e sem exibir dísticos. Depois de uma longa maratona de negociações, as duas partes chegaram ao acordo, ou seja, os manifestantes aceitaram as condições impostas pela polícia.
Entretanto, o “acordo de paz” entre as duas partes durou apenas poucos metros, uma vez que os vendedores recuperam os seus batuques, dísticos e cartazes para mostrarem o seu descontentamento com o modus operandi do Conselho Municipal de Maputo.
Marta Mabjaia, de 48 anos de idade, visivelmente agastada com a usurpação do espaço do antigo Mercado do Peixe, apontou que os vendedores não vão baixar a guarda e que vão continuar, sem tumultos, a exigir os seus direitos.
“Não saímos à rua para lutar com ninguém. O espaço do antigo Mercado do Peixe era nosso, mas o Município de Maputo nos seduziu com a proposta de reassentamento e indemnizado o que, de certa forma, ainda não aconteceu. A nossa luta continua, não vamos desistir”, disse a fonte.
Um outro vendedor que preferiu se identificar pelo nome de Américo referiu que, recentemente, solicitaram uma reunião com os representantes legais dos novos proprietários do espaço onde estava instalado o antigo Mercado do Peixe, mas, debalde, a contraparte decidiu gazetar o encontro sem dar explicações.
“Estamos diante de uma quadrilha. Na semana passada pedimos um encontro com os supostos donos do espaço que é nosso por direito e eles nos indicaram os seus representantes, mas no dia marcado ninguém apareceu. Isso mostra que eles reconhecem que estão errados. Essa guerra apenas está a começar. Faremos de tudo para ver os nossos direitos salvaguardados”.
De lembrar que, no passado mês de Setembro, para se eximir da culpa, o Conselho Municipal de Maputo justificou que os vendedores foram tirados do antigo Mercado do Peixe no âmbito do novo ordenamento territorial e que não houve promessas indemnização.
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