Nyusi reconhece que Governo não tem dinheiro para pagar pensões dos desmobilizados do DDR

A informação foi avançada, semana finda, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, durante o habitual brinde de fim do ano, no qual reconheceu que a rubrica referente ao pagamento das pensões para os cerca de cinco mil desmobilizados da Renamo, no âmbito do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos ex-guerrilheiros, não está inscrita no Orçamento Geral do Estado, recentemente aprovado na Assembleia da República.

“Na dimensão de mais de cinco mil homens da Renamo que estão em desmobilização, qual é o pacote financeiro que isso significa? E donde é que virá (o dinheiro)?”, indagou o Presidente da República e um dos signatários do DDR, dando a entender que também não sabe como vai honrar um compromisso que ele próprio assumiu diante dos moçambicanos e da comunidade internacional.

Prosseguindo, Nyusi disse que o maior constrangimento do DDR prende-se no facto não haver um fundo onde se vai buscar dinheiro, como acontece com as demais pensões que são pagas pelo Estado.

“Normalmente pensão é o valor resultante dos descontos ao longo dos anos e, neste caso, como não foi, tem que se encontrar uma fórmula que fundamente e preste aos moçambicanos e nós no orçamento que apresentamos este ano não figura lá nenhum item sobre as pensões para este grupo de pessoas”, reconheceu mais uma trapalhada Nyusi.

Observadores em Maputo já admitem a possibilidade do governo recorrer ao endividamento para poder honrar com o compromisso que levou, semana finda, a Renamo a suspender o encerramento da sua última e mais importante base localizada na serra da Gorongosa.

É que, quando a proposta do DDR foi desenhada, previa-se que parte dos fundos iriam vir de doações internacionais, o que não veio a acontecer e o Governo tem agora a batata quente de encontrar dinheiro para pagar pensões do DDR, numa altura em que está pressionado pelo peso Tabela Salarial Única.

Mesmo assim, Filipe Nyusi acredita que o DDR vai ser encerrado ainda este ano e nega que a paralisação do processo deve-se à falta de fixação de pensões e integração dos homens da Renamo nas Forças de Defesa e Segurança.