Comissário considera “injustiça histórica” a ausência de vozes africanas no Conselho de Segurança da ONU

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O Embaixador de Moçambique nas Nações Unidas, Pedro Comissário, observa que a representação permanente das nações africanas no Conselho de Segurança das Nações Unidas é uma “injustiça histórica” para o continente, uma vez que aquele órgão é dominado pelo ocidente, tendo por isso pedido uma revisão de modo a acabar com a injustiça.

Numa recente entrevista que concedeu ao The Nacional, um jornal sediado na capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi, Pedro Comissário mostrou-se a favor da redução dos poderes do Ocidente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“O Conselho de Segurança das Nações Unidas foi uma instituição criada há mais de 70 anos e respondeu às preocupações de paz e segurança, principalmente da Europa. Mas este não é mais o caso”, declarou.

Olhando para actual composição do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Comissário observa que África está “sub-representada”, uma vez que a França e Grã-Bretanha tem cinco cadeiras, enquanto um terço vai para a Rússia e os dois restantes são ocupados pelos EUA e China.

O embaixador de Moçambique nas Nações Unidas refere que “é hora de resolver isso e a África deve ter pelo menos dois assentos permanentes no Conselho de Segurança, uma vez que “é algo que é especialmente vital considerando que as questões africanas representam mais de 60 por cento da agenda do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

Refira-se que o grosso dos países africanos já pediram a revisão da composição do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Contudo, as reformas ainda não aconteceram e Comissário aponta que “os interesses geopolíticos dos cinco membros permanentes ficam no meio e tornam a questão muito difícil de resolver”.

Desde Outubro de 2017 que a província de Cabo Delgado é atacada pelos grupos armados. Segundo a ONU, o conflito já matou mais de 4.000 pessoas e deslocou cerca de um milhão de deslocados.

Falando da situação do terrorismo no mundo, Pedro Comissário referiu que gostava de ver a comunidade internacional a desempenhar um papel maior no apoio aos países afetados pelo terrorismo à semelhança do “forte compromisso no apoio militar” à Ucrânia.

“Quando países como Mali, como Burkina Faso ou outros querem ajuda do Grupo Wagner isso significa que há ausência de segurança colectiva”, concluiu.

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