Pais cogitam transferir filha menor da escola pública à privada por estudar 7ª classe no período nocturno

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Dila Américo Simbine tem 14 anos de idade, frequenta a 7ª classe na escola Secundária Ingrid Chawner no Bairro de Zimpeto, na Cidade de Maputo e conta os desafios de ter que enfrentar o caminho para ir e voltar da escola de noite, sendo que é primeira vez que passa por essa experiência. Arnaldo Simbine, pai da pequena Dila diz que quando soube que a sua filha teria de passar a estudar de noite ficou assustado e confessa ter tido muita ideias, incluindo tirar a filha do ensino público para o privado, e diz já estar sendo tramitada a documentação junto da escola para a regularização do assunto.  

“No dia que mandei ela ir ver as listas da sala e hora que haveria de entrar, ela foi feliz mas voltou triste. Ela viu que vai entrar as 17:45 para sair as 22:05. É muito tarde, eu próprio que sou o pai dela perdi sono naquele dia” diz Arnaldo.

Num tom de preocupação, Arnaldo Simbine questiona as metodologias usadas pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) para colocar muitas crianças a estudar no curso nocturno.

“Eu não entendo muito dessas coisas de leis, mas gostaria de saber como é que o eles chegaram a conclusão que as crianças destas idades devem entrar de noite. Quem vai cuidar delas? Quem vai lhes defender contra bandidos e ladrões que estão cheios na estrada? Acreditem, muitas crianças vão desistir de ir a escola” vincou Arnaldo em tom de nervosismo.

Como tal, diz que por enquanto permite que a filha vá de chapa a escola, mas na sua saída este faz questão de estar no portão da sua escola para leva-la a casa. “Enquanto eu regularizo a papelada na escola dela só posso ir lhe buscar todos na escola dela. Epah, não é fácil todos dias ter que meter combustível para ir levar. Mas quando as coisas apertam lhe espero na Zimpeto porque ali não adianta ela tentar passar sozinha” avançou.    

 Ademais, a entrada em vigor a lei que empurrou milhares de crianças ao ensino geral nocturno veio atropelar e deitar abaixo todos os esforços que as organizações da sociedade civil fizeram há alguns anos com vista a devolver e reter mais raparigas nas escolas e, espera-se que se encontre um mecanismo para colmatar a falha que pode minar a qualidade do ensino, não só das raparigas como também geral.  

Uma das estratégias com vista a colmatar esta lacuna é a campanha “Ela Pertence à Escola” desenvolvida pela Save The Children, que vai treinar pessoas em matérias de Género em dois distritos em simultâneo (Nacaroa e Erati) na província de Nampula. O mesmo projecto desenvolveu acções na semana passada, no distrito de Memba, em que quatro mulheres participantes tiveram que participar das sessões com suas crianças menores em idade escolar.

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