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Caifadine Manasse corrido do Comité Provincial e pode cair no Comitê Central

O antigo-secretário para mobilização e propaganda do Comité Central da Frelimo, o deputado Caifadine Manasse, foi afastado do Comité Provincial na Zambézia. É uma questão de dias para que também perca assento no Comité Central, que apesar de ser um órgão autónomo, observa critérios que passam pela qualificação dos membros num órgão inferior. O afastamento de Manasse é resultado de um processo disciplinar instaurado pelo Comité Provincial da Frelimo na Zambézia, através do seu Comité de Verificação. No documento, o deputado é acusado de falta de sigilo relativamente aos assuntos que dizem respeito à vida do partido e seus dirigentes, falta de pagamento de quotas no círculo eleitoral, entre outras acusações. A nível da província, a decisão foi por unanimidade.

Nelson Mucandze

É um fim inglório para Caifadine Manasse, que viu, dentro do partido, o poder escorregar-lhe entre os dedos, depois de ter chegado ao cargo do chefe de Mobilização e Propaganda. Aqui, ele teria montado uma equipa suspeita para o partido com mandato de desfilar o ódio nas redes sociais. Mas não foi isso que precipitou a sua queda, que ganhou corpo logo depois do XII Congresso da Frelimo. Aliás, a queda iniciou bem antes do Congresso, já nas conferências provinciais, Caifadine chegou a ter dificuldades para se manter no Comité Central e entrou por um milagre.

No Congresso veio a confirmar-se o seu afastamento do secretariado. E princípio deste ano, concretamente no dia 23 de Janeiro de 2023, foi enviada ao deputado Manasse a nota de culpa, que o acusava de proferir palavras injuriosas contra Filipe Nyusi, presidente do partido e da República, assim como do seu respectivo secretário-geral, Roque Silva. Seu desentendimento com Roque Silva era palpável, mas contra Nyusi constituía novidade.

De acordo com a acusação do Comité da Verificação da Zambézia, Caifadine Manasse referiu que Nyusi está a fazer de tudo para viabilizar um suposto terceiro mandato, numa altura em que se mostra incompetente para acabar com o terrorismo, na própria província onde se viu nascer.

A nota avançava ainda que estas palavras foram proferidas no distrito de Alto Molócue, aquando da realização das jornadas de fiscalização parlamentar, numa ocasião em que estavam presentes deputados da oposição e quadros do partido ao nível daquele distrito do norte da Zambézia.

O documento prossegue que, quanto ao Roque Silva, Manasse desqualificou a sua figura. Mas as palavras injuriosas foram proferidas contra outros colegas. É que, segundo a mesma acusação, Manasse referiu ainda, de forma recorrente, que Paulino Lenço iria cessar as funções de primeiro-secretário provincial da Zambézia, por este ter impedido a reeleição dele a membro do Comité Provincial, secretário do Comité Central e para a sua eleição à membro da Comissão Política.

Adianta ainda que Manasse disse de viva voz que nunca irá perdoar o camarada Lenço e também não irá descansar sem promover a sua cessação e colocar o seu primeiro-secretário.

As intrigas dos camaradas se estenderam até ao Parlamento. Manasse é acusado pela Comissão de Verificação do partido na Zambézia de incitação à violência, agitando alguns membros do partido para a desobediência aos órgãos da Frelimo, democraticamente eleitos, para além deste ter desqualificado as competências de Damião José, recentemente eleito para membro da Comissão Política. A acusação, segundo lê-se no documento, refere que Manasse referiu que a eleição de Damião José representava uma baixa para a província, visto que é uma figura muito fraca sem nenhuma intervenção pública conhecida e que o lugar que este ocupou era da sua pertença.

Num outro desenvolvimento, Caifadine Manasse é ainda indiciado de ter incriminado os colegas Hélder Ernesto Injojo (actual primeiro vice-presidente da Assembleia da República), Damião José, Momade Arnaldo Juízo, Sábado Alamo Chombe e Deolinda Catarina Chochoma no narcotráfico, no propalado processo de tráfico drogas no Porto de Macuse, na província da Zambézia, onde, coincidentemente, viu seu primo detido por estar envolvido no trafico.

Diz a nota que Manasse acusou Manuel Amílcar de Jesus Eliseu e Abdul Latifo Momade Mussa, ambos membros do Comité Provincial e directores provinciais de Género, Criança e Acção Social e das Alfândegas respectivamente, de serem os veículos usados para a facilitação do escoamento e comercialização da droga, servindo-se em parte das funções.

Com estes actos, segundo a acusação, o deputado Caifadine Manasse violou as alíneas d) do número 1, c) e d) do número 3 do artigo 12 e alínea b) do número 2 do artigo 13 dos Estatutos do Partido e, em cumprimento do disposto nas alíneas d) e e) do número 2 do artigo 46, do regulamento dos Estatuto do partido, e em cumprimento do número 2 do Artigo 18 dos Estatu- tos do partido, aprovados pelo XII congresso.

O documento termina concedendo 15 dias, a contar da data da recepção da presente nota de acusação ao arguido para, querendo, apresentar a sua defesa. Na resposta a nota de acusação, Caifadine Manasse nega as acusações, pediu acareação com os queixosos e a constituição de um advogado para o acompanhar nas audiências. Contudo, no retorno à carta de Manasse, o Comité de Verificação diz que o procedimento disciplinar resulta da atitude por si manifestada aos deputados do círculo eleitoral da Zambézia e outros quadros e na sequência de várias denúncias remetidas ao órgão.

Quanto ao pedido de constituição de advogado, a Frelimo negou alegando que não é prática do partido Frelimo que o arguido se faça acompanhar por um advogado em sede de um inquérito, para além de que na história nunca se registou uma experiência igual, por se tratar de assuntos meramente internos.

Pelas últimas informações na posse do Evidências, conclui-se que Caifadine Manasse não conseguiu provar o contrário do apurado pela Comissão da verificação do partido naquela província, dando como provado que é uma figura intriguista, o que pode ter pesado para o seu afastamento do Comité Provincial.

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