Mário Cincuenta promete “não entregar” Cuamba

POLÍTICA

O cabeça-de-lista pela Renamo em Cuamba mostra-se determinado a não entregar a cidade à Frelimo. Mário Cinquenta Naúla diz que ele e o seu partido sofreram um golpe com teor cinematográfico e só o Conselho Constitucional (CC) pode devolver a justiça eleitoral.

“Quem votou em Cuamba?”, questionou o cabeça-de-lista numa comunicação dirigida a centenas de pessoas, durante o comício realizado nas redondezas de Cuamba, após uma marcha esta segunda-feira.

“Quem votou em Cuamba foram pessoas oriundas de Maúa, Mecanhelas, Majune e outros pontos. As pessoas de Cuamba foram impedidas de exercer o seu direito porque os seus nomes não constam da lista”, afirmou o cabeça-de-lista, deplorando “fraude insólita e megalómana” naquele município.

Mário Cinquenta Naúla disse que face ao sucedido que arrepia a transparência eleitoral não poderá entregar a autarquia à Frelimo.

“Não vamos dar as chaves do município”, asseverou o actual edil, que não foi poupado de aplausos.

Cuamba, o único município do Niassa dirigido pela Renamo, viu as eleições de 11 de Outubro anuladas depois de o partido ter submetido um recurso contestando aludidas irregularidades gritantes no pleito. No entanto, a decisão do judiciário em Cuamba viu-se também anulada pelo CC, que chama a si a responsabilidade de anular uma eleição. No documento publicado pelo órgão que vela pela constituição é submetida a decisão sobre Cuamba ao acórdão final de validação.

Sublinhe-se que a anulação das eleições de Cuamba chegou a criar desconforto no seio do tribunal local. Ocorre que dois juízes conselheiros emitiram uma carta ao Conselho Superior da Magistratura Judicial denunciando “neblinas”, pela forma como decorreu a decisão da juíza que apreciou o caso. Nas alegações, os juízes conselheiros fazem constar que a referida juíza tem relações de proximidade com o cabeça-de-lista da Renamo, facto, não obstante, rejeitado pelo acusado.

Aliás, ficou sabido depois que um dos juízes queixosos faz, afinal, parte do partido Frelimo e chegou a ser indicado membro da assembleia municipal pelo partido. A Renamo, por sua vez, disse acreditar que a queixa dos juízes fazia parte de um plano maquiavélico para incriminar o cabeça-de-lista.

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